A 37ª Vara Criminal do Rio de Janeiro condenou Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, a cinco anos de prisão e 17 dias-multa. Ele é dono de um ferro-velho que recebeu e desmanchou o carro Cobalt utilizado no duplo homicídio da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
O Ministério Público Estadual denunciou Edilson em agosto de 2023 por obstrução de Justiça, alegando que ele dificultou investigações sobre a organização criminosa, prejudicando gravemente a administração da Justiça. Segundo a denúncia, dois dias após o crime, Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, o atirador e o motorista do duplo homicídio, entregaram o veículo a Edilson em uma praça na zona norte do Rio, após um acordo com Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel.
Na decisão proferida em 26 de setembro, o juiz destacou que a destruição do veículo dificultou as investigações, impedindo a perícia criminal e atrasando a identificação dos executores do crime, que só se tornaram suspeitos quase um ano após os homicídios. Os supostos mandantes foram identificados apenas em 2024, seis anos depois das mortes.
A promotora de Justiça Fabíola Tardin Costa, que representou o Ministério Público durante o processo, afirmou que a ação de Edilson é típica do comportamento de milícias no Rio. Ela destacou que cerca de 90% das execuções relacionadas a milícias cariocas ocorrem com o uso de veículos, visando a rápida fuga e dificultando a localização dos automóveis após os crimes.