Negando os resultados das eleições, que aconteceram no último domingo (30), manifestantes apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) causam diversos transtornos em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA), localizado na Av. dos Expedicionários, bairro Ponta Negra, na zona Oeste de Manaus, nesta quarta-feira (2).

Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes gritam por “intervenção federal”, utilizam carros de som e soltam fogos desde a noite desta terça-feira (1), segundo relatos de moradores da área. Os participantes do protesto ecoam palavras de ordem em frente aos portões fechados do CMA.

A ação, no entanto, tem sido alvo de piadas entre alguns internautas. “Até o portão do comando militar ta fechado e os bestas ai, até o Bolsonaro e o partido dele todo já aceitaram a derrota. Hoo povo pra passar vergonha, deus me livre olha”, disse uma usuária do facebook.

Além disso, os manifestantes também causaram transtornos no trânsito da área – que é uma das mais movimentadas da cidade – já que ocupam os dois sentidos da via.

Algumas pessoas foram flagradas estacionando os seus carros na ciclovia, cujo uso é destinado às pessoas que utilizam bicicletas, e também no meio fio.

Com o tráfego de veículos prejudicado em um dos feriados mais importantes do ano, muitas pessoas relatam que demoraram, no mínimo, 30 minutos para conseguir passar pelo trecho em que ocorre a manifestação.

Por hoje ser comemorado o ‘Dia dos Finados’, muitas famílias na capital amazonense que tentavam visitar os seus entes queridos nos cemitérios da capital foram prejudicadas por conta da lentidão no trânsito causada pelo protesto.

Apesar disso, até às 15h, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) não estava presente no local para organizar o fluxo de veículos. Segundo informações confirmadas pela Polícia Rodoviária Federal, caminhoneiros que estavam bloqueado a BR-174 (que liga Manaus a Boa Vista) seguiram em carreata sentido ao CMA.

Somado a isso, o protesto também tem prejudicado moradores da região. “Desde 20h da noite de ontem estão com carro de som, estourando fogos de artifício. Eu tenho uma filha de 1 ano de idade, não posso dormir por causa de um grupinho de meia dúzia de pessoas que estão aqui na faixa do condomínio, na saída, sabe? Isso é um absurdo”, desabafou a moradora de um condomínio próximo ao CMA.

De acordo com o delegado João Tayah, “quem está na frente do CMA não pode ser chamado de manifestante, pois só há manifestação política se tiver dentro da legalidade. São pessoas em flagrante de crime, que a depender da conduta, se enquadra nos artigos 286, 359-L ou 359-M do código penal. Cabe prisão imediata”.

Ameaças

Os protesto desta quarta-feira (2) também é marcado por ameaças aos profissionais da imprensa. Como exemplo pode-se citar as orientações repassadas por um dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em seu perfil no twitter.

O homem, identificado como Thiago Farias, pede para que os manifestantes agridam os representantes da Rede Amazônica ou da CNN, caso estes compareçam ao local. “Nada de morte ao algo que manche o nosso ato, por favor. Apenas aleije, invalide no máximo”, afirma.

 

Foto: Bia Ribeiro