Um relatório realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) revela que em metade das unidades de saúde do mundo faltam serviços básicos de higiene, como água e sabão ou álcool em gel. Os dados foram divulgados na terça-feira (30).

Cerca de 3,85 bilhões de pessoas que usam essas instalações correm um risco maior de infecção, incluindo 688 milhões que recebem atendimento em locais impróprios e sem nenhum serviço de higiene, como por exemplo, em banheiros das unidades de saúde.

“As instalações e práticas de higiene em estabelecimentos de saúde não são negociáveis. A sua melhoria é essencial para a recuperação, a prevenção e a preparação da pandemia”, ressaltou Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS.

No total, 40 países participaram da pesquisa, o que representa 35% da população mundial. Os resultados revelam um quadro mais preciso e alarmante do estado de higiene das unidades de saúde, já que uma em cada 11 não possuem nenhum banheiro nem instalações para lavar as mãos. Apenas 51% dos locais tinham ambos.

Embora houvesse instalações de higiene em 68% dos pontos de atendimento dos estabelecimentos de saúde, em 3% não havia água e sabão nos banheiros. O relatório também mostrou que 1 em cada 11 pontos de saúde em todo o mundo não tem nenhuma condição de higiene, número que representa 9% dos locais.

O relatório está sendo lançado na Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia. A conferência anual, que acontece de 23 de agosto a 1º de setembro, explora novas maneiras de enfrentar os maiores desafios da humanidade, da segurança alimentar e saúde à agricultura, tecnologia, biodiversidade e clima.

Número desigual em diferentes regiões:

Os casos mais graves de falta de higiene em unidades de saúde foram constatados na África Subsaariana. Enquanto 73% desses locais têm desinfetantes para as mãos à base de álcool ou água e sabão nos pontos de atendimento, apenas 37% têm instalações para lavagem das mãos com água e sabão nos banheiros.

A grande maioria dos hospitais possui instalações para higienização das mãos nos pontos de atendimento, em comparação com 68% das outras instalações de saúde.

Acesso a água e saneamento

Globalmente, cerca de 3% dos estabelecimentos de saúde nas áreas urbanas e 11% nas áreas rurais não tinham serviço de água. Nos países menos desenvolvidos, apenas 53% dos estabelecimentos de saúde têm acesso local a uma fonte de água protegida, em comparação ao número global que é de 78%.

De acordo com os dados, uma em cada 10 unidades de saúde em todo o mundo não tinha serviço de saneamento. Os dados também revelaram que muitas unidades de saúde carecem de limpeza ambiental básica e segregação segura e descarte de resíduos de saúde.

Para Kelly Ann Naylor, diretora do Departamento de Clima, Meio Ambiente, Energia e Redução de Risco de Desastres do Unicef, os hospitais e clínicas sem água potável e serviços básicos de higiene e saneamento “são uma potencial armadilha mortal” para mães grávidas, recém-nascidos e crianças. Todos os anos, cerca de 670 mil bebês perdem a vida dias para a sepse poucos dias depois do nascimento.

Fotos: divulgação\Unicef