João Doria (PSDB) anunciou hoje a saída do governo de São Paulo e confirmou que será candidato à Presidência da República, após um dia marcado por notícias desencontradas, disputas internas e tensão. Ele passou o cargo ao vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que assume em 2 de abril e, nas eleições de outubro, vai concorrer à cadeira no Palácio dos Bandeirantes. “Cumpri a minha obrigação”, disse Doria.
Depois de horas de reuniões com aliados, a formalização ocorreu no 4º Seminário Municipalista, no Palácio dos Bandeirantes, em evento que contou com plateia, escola de samba e gritos de “Brasil, pra frente, Doria presidente”.

Logo que subiu ao palco, Doria deu as mãos a Garcia —com quem estaria de relações estremecidas desde ontem (30), por desavenças políticas.

Na frente da plateia com mais de 600 prefeitos e aliados, o ainda governador elogiou seu vice no começo de seu discurso. “São Paulo teve o privilégio de ser governado por dois governadores”, afirmou.

“Chego hoje com sentimento de satisfação e realização. De ter cumprido o dever de honrar os compromissos que assumi com o povo de São Paulo e paz de espírito por ter seguido os preceitos morais de meu pai.”

Doria fez um longo balanço dos seus três anos e três meses de governo, em que citou projetos que sempre quis usar durante sua campanha eleitoral, como o desenvolvimento da vacina contra covid-19 e o aumento das matrículas em tempo integral na rede estadual.

Ele alfinetou o presidente Jair Bolsonaro (PL), provável concorrente na disputa eleitoral, e outros adversários políticos.

“Aqui, em vez de agredir parceiros e gerar conflitos na diplomacia, respeitamos os parceiros econômicos do Brasil e de São Paulo”, disse ele, referindo-se às declarações de Bolsonaro contra a China e o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac —que deverá ser o principal mote da campanha eleitoral tucana.

Também reforçou a ideia de se criar uma terceira via, que possa disputar a vaga ao Planalto com Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT), que lideram as pesquisas de intenção de voto.

“É hora de criar uma frente ampla e um time poderoso pelo Brasil e pelos brasileiros. Construir, sim, a melhor via para o país”

Em alguns momentos, se mostrou emocionado. Agradeceu equipe, amigos e família e só confirmou a candidatura ao pleito federal no fim de sua fala.

“Quero dizer a vocês que, sim, serei candidato à Presidência da República pelo PSDB”

O governador foi ovacionado e, em cima dos ombros dos apoiadores, rodou por todo o auditório. Ao ser colocado no chão, falou com jornalistas, negou ter pensado em desistir da candidatura à Presidência, mas disse que era preciso “planejar”.

O tucano também disse que vai conversar com Sergio Moro, que anunciou hoje que vai se filiar ao União Brasil e que desistiu de concorrer ao Planalto. O ex-juiz e ex-ministro da Justiça deve disputar uma vaga como deputado federal por São Paulo.

“Nunca desisti [da candidatura], mas você precisa planejar para poder executar, para poder ter um caminho. Eu respeito o Moro, não quero falar que fica mais fácil [com a desistência do ex-juiz]. Vou chamar o Moro também para nos ajudar. Ele é uma pessoa de bem. Agora é hora da união”, disse o governador.