Após encerrar o giro de seis dias pelo Oriente Médio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reclamou de comparações feitas entre o roteiro pelo Golfo Pérsico e a viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Europa, que ocorreram no mesmo período.

“Eu vi na Globo News: ‘Bolsonaro decepciona, Lula é um sucesso’. Ah, pelo amor de Deus”, declarou a jornalistas nesta quinta-feira (18/11), antes de embarcar de volta ao Brasil.

Bolsonaro disse que a viagem mostrou que o Brasil cada vez mais assume papel de destaque no mundo e voltou a falar da recepção das autoridades locais. “Só o tratamento dispensado para nós [na viagem], e nós a eles demonstra que vivemos uma boa fase”, afirmou.

O mandatário tem ressaltado que as acomodações dele e da comitiva nos Emirados Árabes Unidos, no Bahrein e no Catar foram custeadas pelas autoridades locais.

Na conversa com a imprensa, Bolsonaro ainda reclamou da cobertura da imprensa sobre questões ambientais. “Quero te convidar para ir com um galão de gasolina no coração da floresta Amazônica e ver se pega fogo. Não pega fogo. Vocês [imprensa] continuam batendo na tecla de falar mal do Brasil”, disse ele a um repórter.

Contraponto de Lula

Enquanto Bolsonaro visitava o Golfo Pérsico, Lula fez um giro pela Europa. Esta semana, o petista foi aplaudido de pé pela ala social democrata do Parlamento Europeu, sediado na Bélgica. Ele também reuniu-se com Olaf Scholz, futuro chanceler alemão que deverá suceder Angela Merkel.

O ex-presidente foi recebido, nessa quarta-feira (17/11), pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Elysée, residência oficial do presidente francês, com protocolo de chefe de Estado.

O encontro marca posição ante o presidente Bolsonaro, que é desafeto político de Macron, em um momento em que as relações entre Brasil e França estão estremecidas.

Nos encontros com as lideranças europeias, Lula elencou a agenda ambiental e o combate à fome como os dois assuntos prioritários.

Analistas políticos avaliam que a viagem de Lula, além de fazer um contraponto ao governo Bolsonaro em dois temas sensíveis no exterior — a preservação do meio ambiente e a escalada da pobreza no Brasil — também mostrou o isolamento do atual presidente.

Metrópoles