MACAPÁ – A paixão pela enfermagem e a tatuagem levou a enfermeira Amanda Miranda, de 29 anos, a uma emoção dupla no último fim de semana. Ao mesmo tempo em que celebrou o início do fechamento da unidade Covid-19 no Hospital Universitário de Macapá, onde trabalhou ao longo da pandemia, foi escolhida como a tatuada mais bela do país no concurso promovido pela Tattoo Week, uma das maiores convenções do ramo do mundo.

Amanda conta que tem mais de 50% do corpo tatuado, levando a arte nas costas e em todo o braço e perna direitos. É a primeira vez que uma representante do estado leva a competição.

Os critérios para a vitória vão desde estilo, atitude, personalidade, postura, empoderamento, relação com a arte e principalmente, número de tatuagens e qualidade dos desenhos no corpo.

Foi a primeira vez que Amanda concorreu na disputa e disse ter “criado coragem”. A vontade de se tatuar, segundo ela, começou na infância.

Apesar da paixão, encarou resistência da família, principalmente por acreditarem na discriminação contra pessoas que tatuam grande parte do corpo, que poderia fechar portas no mercado de trabalho. “Por eu ter escolhido a enfermagem, a engenharia [Amanda também é mecânica de usinagem]. O medo dele [pai], o amor dele era que me deixassem num cantinho, era como se ele quisesse me proteger do preconceito da sociedade. Minha mãe também ficou triste, mas eu disse que apesar da tatuagem meu caráter não mudaria”, conta. Apesar da vontade de “riscar” o corpo, as principais tatuagens do corpo vieram nos últimos 5 anos. A primeira dela foi a fênix na costa e depois “fechou” o braço e as pernas.

“A perna, a maior, fiz em 4 dias, 9 horas por dia. Era meu objetivo. O braço fiz em dois dias”, relata sobre as tatuagens feitas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

A enfermeira acredita que a tatuagem é uma forma de expressão pessoal e que pode empoderar muitas mulheres e seguirem seus sonhos e objetivos independente das escolhas. “As pessoas que tem a arte na pele são de bom coração. Gostam de trabalhar, de ajudar e ganhar a vida honestamente. A beleza vai além do estético, precisa ser integral”, reitera.