Amazonas – Escândalos envolvendo traficantes e políticos no Estado do Amazonas vêm se tornando cada vez mais comum. Após denúncias envolvendo o ex-governador cassado, José Mello, que teria recebido dinheiro de traficantes para sua campanha eleitoral ao governo, o prefeito Nathan Macena (Republicanos), do município Careiro Castanho, estaria envolvido em um escândalo similar.

Um áudio vazado do suposto traficante da facção Comando Vermelho, conhecido como Mano “S”, Sérgio de Lira Medeiros, 37, cita o prefeito recebendo dinheiro do tráfico de drogas para sua campanha eleitoral e também para o conserto de sua lancha particular.

Segundo uma fonte, ouvida pelo portal, o prefeito estaria sendo ameaçado por dever os traficantes com favores e ele teria se mudado para Manaus por conta disso.

Funcionários também envolvidos com o tráfico

No dia 25 de junho, a Polícia Civil (PC-AM) emitiu nota do desdobramento da operação “Mão de Ferro”, que resultou nos mandados de prisão e de busca e apreensão em nome de Jair Gomes de Moura, 47, Chefe da Guarda Municipal daquele município.
Segundo a PC-AM, Jair era apontado como colaborador da facção criminosa que ordenou os ataques aos órgãos públicos da Prefeitura de Careiro Castanho ocorridos entre os dias 5 e 7 de junho deste ano e que, para facilitar encobrir o crime para o Comando Vermelho, ele teria apagado as imagens das câmeras de segurança da Prefeitura do Careiro Castanho, imagens essas que mostram os momentos dos ataques criminosos ao prédio.

Mais denúncias

Não é a primeira vez que o prefeito Nathan Macena se envolve em denúncias. Em 2020, o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) instituiu inquérito investigativo sobre enriquecimento ilícito do mesmo.

O procedimento preparatório foi publicado no dia 20 de agosto de 2020, no Diário Eletrônico do MP-AM, assinado pelo promotor de Justiça, Cláudio Facundo de Lima.

O então vice-prefeito, Tay Lira (PSC), alegou que o prefeito, Nathan Macena, mesmo recebendo um salário médio de R$ 18 mil ao mês, adquiriu uma residência em 2018, avaliada em R$ 750 mil, em um condomínio de alto padrão na capital amazonense, dois veículos de luxo e a construção de uma casa de dois pavimentos, na orla do Rio Castanho, no município do Careiro, sem qualquer licença de órgãos ambientais.

Nas eleições de 2020, para o Tribunal Eleitoral, ele declarou ter bens avaliados em R$ 300 mil.

Em abril de 2020, a Prefeitura Municipal de Careiro Castanho celebrou junto a Caixa Econômica Federal (CEF), um contrato de empréstimos consignados, cujo pagamento é realizado por meio de desconto em folha de pagamento do funcionário público municipal. Conforme consta nos documentos, os empréstimos estão sendo descontados do funcionário público, porém a Prefeitura não está repassando estes a CEF.

Para a CEF as pendências datam de abril de 2020 a fevereiro de 2021, conforme consta na documentação emitida pelo gerente geral da instituição bancária aos questionamentos feitos por vereadores da Câmara Municipal daquele município, o que lesou diversos funcionários, além da instituição. A denúncia foi protocolada no Ministério Público do Estado (MPE-AM).

Em questão de transparência, conforme a Lei Federal 12.527/2011, conhecida como Lei da Transparência, informa em seu parágrafo único: A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e a sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas, ou seja o site da transparência deve constar as informações sobre todos os contratos celebrados com a Prefeitura, sejam estes provenientes de editais de chamamento ou de dispensas de licitações.

Recursos para a Saúde

Os recursos vindos para o combate da Covid-19 não constam no site. E o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) faz um ranking dos sites da transparência de todos os municípios onde consta que o do Careiro é deficiente de informações e pontua este com 33,89.

No período da pandemia 2020/2021 a Prefeitura do Careiro recebeu mais de R$ 35 milhões para recursos de saúde e mais de R$ 13 milhões para recursos ao combate a Covid-19, conforme consta nos sites da transparência do Governo Federal.

Diversos contratos foram feitos com dispensas de licitação e uma das denúncias é o Centro de Atendimento de Enfrentamento ao Covid-19 “Darcy Dantas Dourado”, que custou aos cofres do município R$ 605 mil e os moradores informaram que o prédio apenas foi reformado e nunca funcionou como centro de atendimento.

De acordo com a Fundação de Vigilância de Saúde, o município registrou 85 mortos pela pandemia, com mais de 8.800 casos notificados e confirmados 4.370.

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