O empresário do ramo de comunicação no Amazonas, Otávio Raman Neves ligado a vários esquemas de corrupção no estado, como fraude, tráfico de influência, envolvimento em rede de pedofilia entre outros, está internado desde março em estado grave em consequência de complicações da Covid-19, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Villa Nova Star, em São Paulo.

Raman Neves é dono, entre outras empresas, do jornal Em Tempo, muito conhecido por ser um canal de notícias favoráveis aos aliados políticos de Raman. Como por exemplo, Amazonino Mendes, mentor e amigo pessoal do empresário, cujo patrimônio cresceu exageradamente nos anos em que Mendes estava na “ativa”, como governador do Amazonas ou prefeito de Manaus.

Otávio Raman no ano de 2014 foi apontado pela Polícia Federal do Amazonas, no âmbito da CPI da Pedofilia, como um dos suspeitos ao lado do prefeito de Coari, Adail Pinheiro. A CPI investigava denúncias de esquema com meninas abusadas por políticos, empresários, comerciantes, servidores públicos e agenciadores nos municípios de Coari, Manaus, Parintins e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.

Embora tenha negado as acusações de envolvimento, Neves afirmou, em depoimento, que seus contatos com o então prefeito deveu-se ao seu interesse em construir um hotel em Coari, do que desistiu após as denúncias sobre existência de prática de pedofilia no local.

Mesmo assim, os indícios contra Raman eram fortes. Havia provas de forte ligação do empresário com Fábio Marques – um agenciador de meninas, apontado à época como uma dos principais envolvidos no esquema. Neves apenas confirmou ser amigo do “agenciador” e que ajudava a pagar seu advogado, sem saber que ele estava sendo acusado de envolvimento com pedofilia.

“Eu ajudei como ajudo outras pessoas em Manaus. Sou quase um político no estado – disse o empresário, e acrescentou que foi uma grande decepção saber que Fábio é agenciador de meninas”, disse Raman em depoimento à época.

Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), quando senador, foi uma figura atuante na CPI, ao abordar Otávio Raman sobre o envolvimento, o empresário afirmou que seu “negócio não é prostituição” e informou que todos os casos de pedofilia no Amazonas foram noticiados em seu jornal e se ofereceu para colaborar com o trabalho da CPI da Pedofilia.

Neves também esteva na lista de empresários investigados pela Procuradoria do estado em 1997. A Exata, construtora do empresário Otávio Raman, foi investigada por ser ‘laranja” no suposto cartel de empreiteiras do governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL).

As construtoras faturaram R$ 56 milhões com obras na prefeitura, entre 1993 e 1996, e R$ 95,6 milhões com obras do Estado, só em 1995. Raman era pontado como “testa-de-ferro” de Amazonino na Exata,

À época, o governador Amazonino Mendes (PFL-AM) injetou US$ 747 mil na empreiteira Exata, que também foi a empreiteira que mais venceu licitações públicas no período e que é de propriedade de Otávio Raman.

Outros esquemas “mancham” o nome do empresário Raman no estado do Amazonas, incluindo pagamento de propina a servidores da autarquia, tráfico de influência, emissão de notas e recibos frios, invenção de gastos e patrimônio, além do exagerado uso de laranjas, que transformaram o empresários do dia para noite, em um dos mais ricos da região.

Nos bastidores, a informação que corre solta é que Otávio Raman como aliado de Amazonino Mendes na época, invadiu vários terrenos e adquiriu vários hectares de terra nos municípios do Iranduba e Cacau Pirera, no interior do Amazonas. No entanto, com um jogada política, Mendes contratou uma Secretária para a Superintendência Estadual de Habitação – SUHAB, que no seu mandato, organizou a posse de terras, fazendo com isso, que Otávio Raman perdesse vários lotes, mesmo após ter pedido para que não houvesse ingerência da secretaria. Isso supostamente foi a gota d’água para o rompimento da aliança entre Amazonino e Raman.