Assim como todos seguidores do governo bolsonarista, o ex-vereador e ex-deputado estadual Chico Preto (DC) tem tecido fortes críticas a CPI da Covid. Prova disso é que nesta semana ele usou das redes sociais para atacar o deputado federal Marcelo Ramos (PL), um dos que mais tem contribuído com as investigações da comissão. O problema é que ao partir para cima do deputado, Chico Preto acabou fazendo um discurso moralista que pode ser visto tanto como autocrítica como um “tiro no próprio pé”.

“O que é experiência e articulação, Marcelo? Alguém que é envolvido com escândalos de corrupção em nível local e nacional? Não, deputado! Não é assim que se faz política. É esse pensamento que não cabe mais. É preciso, antes de qualquer coisa, ser íntegro, ser ficha limpa. São essas qualidades que abrem portas na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Vossa excelência está muito enganada”, disse Chico Preto para o deputado Marcelo Ramos, que havia feito um elogio a conduta do senador Omar Aziz (PSD) durante a CPI.

Ao fazer tal discurso, Chico Preto parece esquecer que durante as eleições de 2020, quando concorreu ao cargo de prefeito, sua candidatura foi a única a sofrer ação de impugnação de registro de candidatura pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). A justificativa para isso é que ele estava inelegível por ter sido condenado por má conduta em um processo.

No TRE também tinha processos contra ele, desde de utilização irregular de servidores públicos e captação ilícita de campanha. Isso porque em 2014, época que tentou ser governador do Amazonas, ele utilizou o policial militar José Cláudio da Silva, conhecido como Caju, para fazer segurança particular durante o período de campanha.

O policial militar acabou sendo morto com três tiros, no dia 2 de setembro de 2014, em frente ao comitê do então partido de Chico Preto. Naquele dia, a vítima estava fazendo a segurança da esposa de Chico Preto, que estava transportando cerca de R$ 35 mil – valor muito acima do permitido pela legislação eleitoral.

Chico Preto foi condenado no processo e teve que pagar uma multa de R$ 25 mil por uso irregular do policial. Além disso, a quantia transportada pela esposa do então candidato a governador nunca teve a origem comprovada.