Manaus – O aumento no número de casos de Covid-19 mergulhou Manaus no pico da segunda onda de contaminação e fez a capital do Amazonas enfrentar um cenário de filas nos hospitais, aumento das mortes sem atendimento e até mesmo escassez de oxigênio nas unidades de saúde.

Nesta quarta-feira (13), a cidade bateu um novo recorde negativo: foram 2.221 novas hospitalizações só nos 12 primeiros dias de janeiro. O número é maior do que o total de internações registradas em todo o mês de abril, primeiro pico da pandemia no Amazonas, quando 2.218 pessoas foram hospitalizadas.

Na última terça (12), Manaus tinha taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de 90% na rede pública e 93% da rede privada, mas 58 pacientes estavam na fila por um leito de UTI nos hospitais de referência, 36 na capital e outros 22 no interior do estado.

O epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana afirma que Manaus vive o pico da segunda onda da epidemia e defende a prorrogação do decreto que suspendeu as atividades não essenciais até o próximo domingo (17) por mais dez dias.

“A situação atual da epidemia pode, inclusive, deixar a primeira onda muito próxima ou até menor do que a segunda onda em curso, caso não sejam incorporadas medidas sanitárias para frear a epidemia”, diz o pesquisador, que defende um lockdown e a suspensão das provas do Enem no Amazonas.

Um médico que atua no Hospital 28 de Agosto, uma das unidades de referência para Covid-19 em Manaus, descreveu a rotina no hospital nos últimos dias como “um cenário de guerra com soldados cansados”.

De fato, a busca por um leito nas unidades de saúde do Amazonas vem exigindo peregrinações de muitos pacientes, que circulam pela cidade em busca de vaga ou esperam por horas em filas por um leito clínico ou de UTI. Em algumas unidades, há relatos de pacientes aguardando atendimento deitados no chão.

E quem consegue um leito ainda não tem garantia de que vai ter o atendimento adequado: os hospitais de Manaus ainda vivem sob a ameaça de falta de oxigênio para dar conta da demanda, que aumentou mais de seis vezes só na rede pública.

A preocupação com o desabastecimento foi tanta que o governo estadual montou uma força-tarefa e, com auxílio das forças armadas, está trazendo oxigênio de outros estados, em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), para garantir o atendimento na rede pública.

O estado também aumentou a demanda do produto das empresas locais, o que está provocando um desabastecimento do mercado privado, afetando desde hospitais particulares até pacientes que fazem tratamento domiciliar e enfrentam dificuldade para repor os estoques de oxigênio para seus tratamentos.

Nesta quarta (13), promotores do Ministério Público Estadual do Amazonas se reuniram com representantes de hospitais particulares de Manaus, que relataram que o atendimento a novos pacientes chegou ao limite e que a falta de oxigênio é o maior impedimento não só à abertura de novos leitos, mas à manutenção dos atuais.

Uma das empresas que distribui oxigênio em Manaus, a Nitron da Amazônia, já precisou interromper temporariamente o atendimento ao público particular por conta da alta demanda.

Via: Notícias ao Minuto