Amazonas – A postura de alguns representantes de entidades de classe, além de covarde com a sociedade, beira a esquizofrenia. Apoiam em um primeiro momento as medidas do Governo, que visam conter o avanço da pandemia, mas diante da pressão de parcela do empresariado, que não se importa com a volta da superlotação dos hospitais com doentes de covid-19, atacam, sem preocupação nenhuma com a aglomeração de pessoas no comércio, típica nesse período do ano e extremamente favorável ao vírus.

A decisão do Governo, de permitir o funcionamento apenas dos serviços essenciais a partir deste sábado, 26/12 até 10 de janeiro, foi tomada pelo Governo após reunião com representantes dos setores econômicos e as autoridades sanitárias, que alertaram para o risco que a Capital voltou a viver desde o início da pandemia, em março passado.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/AM), Fábio Cunha, por exemplo, fez vídeo com empresários criticando as restrições previstas para esse período de duas semanas. O dirigente, no entanto, esteve na reunião na Sede do Governo, na última quarta-feira, dia 23/12, e chegou a pedir a palavra para firmar apoio ao Governo.

‘’Eu quero dizer que em relação ao Decreto, tenho certeza que o Governo está tomando atitudes para que realmente preservaram vidas. Não é uma ação política, eleitoreira… Tenho certeza que o Sr. (governador) está preocupado com a saúde das pessoas’’, afirmou Fábio Cunha, diante de uma sala lotada de autoridades, ligadas aos setores econômicos e à Saúde pública.

A pergunta que fica é se os empresários estão dispostos a dividir o ônus de promover leitos, em especial de UTI para os casos mais graves, na mesma proporção de novos infectados pelo vírus a cada dia, na casa das centenas. Nenhum país, mesmo os mais desenvolvidos e ricos, conseguiu e as mortes, só no Brasil, caminham para a casa das 200 mil.

As mesmas medidas para evitar aglomerações esão sendo adotadas por Governos de outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No restante do mundo, em especial em países da Europa como Suécia, Bélgica, Alemanha e França, não é diferente, mesmo com o início da vacinação. E para agravar o quadro, novas variações do vírus começaram a circular, com capacidade ainda maior de proliferação.