Brasil – A administração dos Correios reconheceu o estado de greve no Amapá, na Bahia, no Distrito Federal, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no Paraná, no Piauí, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Como o serviço é considerado essencial, um número mínimo de funcionários tem de manter as atividades nas agências.

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares disse que a paralisação é uma resposta à revogação do atual acordo coletivo de trabalho, que teria vigência até 2021. Sem o dispositivo, os colaboradores perderam benefícios como plano de saúde, adicional de risco de 30% do salário e licença maternidade de 180 dias. Os funcionários também são contrários à privatização dos Correios, prometida pelo presidente Jair Bolsonaro, e reclamam de uma suposta negligência com sua saúde por causa da falta de equipamentos adequados para a atuação na pandemia. Não há prazo para o restabelecimento da operação normal.

Para a federação, o governo federal está precarizando o serviço a fim de convencer a sociedade de que os Correios devem ser cedidos à iniciativa privada. Mas uma greve como tentativa de impedir tal plano pode ter o efeito contrário ao desejado.

Nos últimos anos, cresceram muito as reclamações dos brasileiros quanto a falhas nas entregas dos Correios. Para ter vantagem na guerra do comércio eletrônico, grandes varejistas como o Magazine Luiza e o Mercado Livre vêm diminuindo a sua dependência do serviço público e investido em uma estrutura logística própria.

Com centros de distribuição, frota própria e atenção especial para a chamada “last mile” – a última parte da rota de transporte de um produto até o cliente –, esses grupos evitam os atrasos ao mesmo tempo em que tornam os Correios cada vez menos necessário. Dificultando as entregas em um momento crucial, mesmo que os motivos da greve sejam justos, os trabalhadores podem contribuir para o esvaziamento do serviço e acelerar a reavaliação do seu papel e de sua importância para o país.