Em uma operação policial de impacto inédito no Maranhão, a cúpula política do município de Turilândia foi desmantelada sob a acusação de desvio de mais de R$ 56 milhões dos cofres públicos. A ação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e da Polícia Militar resultou na prisão do prefeito, da vice-prefeita e de todos os 11 vereadores do município.

As prisões, iniciadas na segunda-feira (22), atingiram 14 pessoas, incluindo o Prefeito Paulo Curió (União Brasil), a vice-prefeita Tânia Mendes e um neurocirurgião apontado como agiota do chefe do Executivo municipal. A gravidade do esquema foi sublinhada pela apreensão de mais de R$ 2 milhões em dinheiro na residência do irmão do médico.

ESQUEMA E CONFISSÃO

De acordo com o Ministério Público, o grupo atuou em um esquema de organização criminosa e corrupção por quase quatro anos. As investigações revelaram que a prefeitura realizava pagamentos por abastecimentos fictícios, com os valores retornando ao prefeito por meio de um posto de combustíveis ligado à ex-vice-prefeita e seu marido.

A servidora Clementina de Jesus Pinho, responsável pelos pregões eletrônicos, confessou a participação nas fraudes, afirmando que cerca de 95% das licitações teriam sido manipuladas por determinação direta do prefeito. Ela ainda relatou que recebia presentes e vantagens indevidas para viabilizar o esquema.

CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS

A crise política em Turilândia é total. Enquanto cinco vereadores permanecem foragidos, outros seis tiveram a prisão convertida em domiciliar. O presidente da Câmara Municipal, José Luís Araújo (União Brasil), que não foi afastado, deverá assumir interinamente a prefeitura.

O Ministério Público informou que a decisão judicial prevê a análise de uma possível intervenção no município pelo procurador-geral de Justiça do Maranhão. A medida visa garantir a continuidade da administração pública, mas o promotor Fernando Berniz ressaltou que há previsão legal para ações mais rigorosas, caso a situação se agrave.

A defesa de Paulo Curió e de sua esposa, Eva Dantas, afirmou que ambos estão à disposição da Justiça.