Os Correios aprovaram na quarta-feira (19) o Plano de Reestruturação da estatal, um conjunto de medidas emergenciais visando buscar o equilíbrio financeiro nos próximos 12 meses e garantir a liquidez da empresa até 2026. A meta ambiciosa é reduzir o déficit em 2026 e retomar a lucratividade em 2027.

O plano surge em um cenário de agravamento da crise financeira, onde a estatal registrou um prejuízo de R$ 4,37 bilhões nos dois primeiros trimestres de 2025, somando-se a resultados negativos desde 2022. O rombo total em 2025 é projetado para alcançar R$ 10 bilhões.

Empréstimo e Venda de Ativos

A peça central do plano é uma operação de crédito com aporte de até R$ 20 bilhões, prevista para ser concluída até o final de novembro. A estatal classifica este recurso, a ser obtido junto a bancos públicos e privados com garantia do Tesouro Nacional, como “indispensável para a transição estrutural”. O empréstimo está condicionado à implementação de medidas de saneamento da gestão.

Além do crédito, a reestruturação prevê:

  • Monetização de Ativos e Venda de Imóveis: A empresa estima gerar R$ 1,5 bilhão em receita com a venda de propriedades.

  • Fechamento de Unidades: Os Correios planejam reduzir até mil pontos de atendimento que atualmente operam com déficit. Um relatório de 2024 indicava que 85% das suas 10 mil unidades (entre próprias e franqueadas) eram deficitárias.

    Demissão Voluntária e Cortes de Gastos

    Outra medida de impacto é a revisão dos custos com pessoal. A estatal, que possui cerca de 85 mil empregados e onde os gastos com pessoal representam 72% do custo total, espera desligar ao menos 10 mil funcionários por meio de um Programa de Demissão Voluntária (PDV). O programa será implementado em duas etapas: uma com critérios de idade/tempo de serviço e outra com metas específicas por área.

    O plano, elaborado sob a gestão do novo presidente, Emmanoel Schmidt Rondon (que assumiu em setembro de 2025), inclui ainda a promessa de:

    • Modernização da infraestrutura tecnológica e operacional.

    • Busca pela adimplência com 100% dos fornecedores.

    • Mudanças nos custos do plano de saúde.

    Apesar do prejuízo líquido de R$ 4,5 bilhões no primeiro semestre, a empresa defende que o plano reafirma o compromisso estratégico e social inegociável com a universalização dos serviços postais.

    Em comunicado, a estatal destacou seu papel como a “única empresa pública federal presente em todo território brasileiro, com atendimento universalizado,” capaz de “conectar cada brasileiro, em qualquer município”.

    A reestruturação será dividida em três fases: recuperação financeira, consolidação e crescimento. A expectativa é que, com a aplicação dos recursos e a execução das medidas, o retorno à lucratividade seja atingido em 2027. A estatal também sinalizou a possibilidade de fusões, aquisições e outras reorganizações societárias para se fortalecer, mas não detalhou as propostas.