Recentemente, o governo federal anunciou mudanças no crédito consignado, como a ampliação do prazo máximo de pagamento para 96 meses (oito anos). A medida pode impactar diversas famílias, já que a modalidade conta com cerca de 48 milhões de contratos ativos no Brasil, segundo dados de dezembro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mas, na prática, será que as alterações trarão vantagens aos beneficiários ou dificultarão o pagamento da dívida?

O advogado especialista em direito previdenciário Johnnys Guimarães explica que uma das maiores desvantagens da extensão do número de parcelas é o aumento dos juros.

“O maior ponto negativo dessa mudança é o aumento do custo total do empréstimo. Embora as parcelas fiquem menores, o prolongamento do prazo resulta em mais juros pagos ao longo do tempo, elevando o valor total desembolsado”, pontua.

Essa é a maior preocupação da beneficiária do BPC/LOAS, Cristiane Reis, de 53 anos. “Eu não acho que essa mudança seja benéfica, porque, quanto mais tempo a gente demora para pagar, mais altos serão os juros”, diz.

A moradora do Centro do Rio, que afirma ter sido a segunda pessoa no Brasil a passar por um reimplante de mão, começou a receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), há apenas seis meses.

“De tanto minha mãe falar que eu tinha direito, decidi pedir. Mas eu nunca quis. Quando resolvi pedir o BPC, não foi difícil, dei entrada ali e, depois de um mês e meio, já estava com o benefício”, destaca.

Apesar da facilidade, Cristiane conta que a dor de cabeça veio depois: “Eu não pedi pelo crédito consignado, mas o empréstimo foi feito em meu nome mesmo assim.” “Eles conseguem fazer o empréstimo mesmo você não querendo. O dinheiro cai na sua conta, e você tem que ir no Ministério Público. Isso deu uma confusão, então resolvi desistir e deixar como está”, completa. A beneficiária afirma que não vê vantagem no aumento do prazo.