Com as finanças em colapso, os Correios tentam levantar ao menos R$ 10 bilhões em até 15 dias para evitar o agravamento da crise. O aporte, via empréstimo com garantia da União, é tratado como urgente e deve ser concluído até o fim do mês.

A gestão de Emmanoel Rondon reduziu a meta inicial — que era de R$ 20 bilhões — após os bancos apresentarem condições consideradas inviáveis na primeira rodada de negociações.

A captação é o eixo central do plano de reestruturação, que inclui um forte corte de despesas com pessoal. A estatal quer implementar um novo PDV para atingir 10 mil desligamentos, reduzindo a folha em cerca de R$ 2 bilhões por ano. No último programa, apenas 3,6 mil aderiram, embora 8 mil tenham manifestado interesse, o que obriga a empresa a oferecer incentivos maiores desta vez.

O pedido de empréstimo foi enviado a cerca de dez instituições financeiras. Os Correios estabeleceram como teto o custo de 120% do CDI, alinhado aos parâmetros do Tesouro. Porém, na primeira rodada, bancos chegaram a pedir 136% do CDI, valor considerado insustentável.

A situação financeira é crítica: só em 2025, o prejuízo acumulado é de R$ 4,3 bilhões. No segundo trimestre, a estatal perdeu R$ 2,6 bilhões, quase cinco vezes mais que no mesmo período de 2024. Hoje, o déficit mensal gira em torno de R$ 750 milhões.

O rombo afeta diretamente a operação. O índice de entregas no prazo, que despencou a 76% no primeiro semestre, subiu para 92%, ainda abaixo da meta mínima de 95%, considerada vital para manter grandes clientes — especialmente do setor de e-commerce.