Rio – Após a megaoperação no Rio, moradores levaram mais de 50 corpos à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais da região, entre a madrugada e manhã desta quarta-feira (29).
Segundo familiares, ainda há outros na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram os principais confrontos entre as forças de segurança e traficantes.
Em imagens chocantes é possível ver os corpos enfileirados no chão sob uma lona, a maioria com marcas de tiros no peito e na barriga. O transporte dos cadáveres está sendo feito com caminhonetes da própria população.
Em meio ao desespero das famílias, uma mãe foi flagrada beijando o corpo do filho. A todo momento, parentes chegam para reconhecer os homens. Na praça, um padre também esteve presente, fazendo uma oração junto aos moradores. Ao longo da manhã, os corpos começaram a ser retirados e encaminhados ao IML.
De acordo com números oficiais disponibilizados pelo governo do estado até está manhã, 64 pessoas foram mortas na ação, sendo 60 criminosos e quatro policiais. No entanto, ainda não há confirmação das autoridades se os corpos na Penha fazem parte desta contagem, ou se somam mais de 100 vítimas fatais.
Como o alto número de mortes, a Polícia Civil informou que o atendimento às famílias ocorrerá no prédio do Detran localizado ao lado do Instituto Médico Legal (IML), a partir das 8h. Nesse período, o acesso ao IML será restrito à instituição e ao Ministério Público, que realizam os exames necessários. As demais necropsias, sem relação com a operação, serão feitas no IML de Niterói.
Já a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (CDDHC) realiza, na manhã desta quarta-feira (29), atendimento no Complexo do Alemão, em parceria com diversas instituições, para acompanhar os desdobramentos da operação policial que resultou em mais de 100 mortos.
No dia anterior, a Comissão oficiou o Ministério Público do Estado, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), responsável pelo comitê de monitoramento da ADPF 635, solicitando informações urgentes sobre o planejamento, a execução e as responsabilidades pela ação. O documento também pede especial atenção ao uso da força nesse contexto de operação.
Megaoperação
Além das 64 mortes, a megaoperação no alemão e na Penha resultou na prisão de 81 suspeitos e na apreensão de 93 fuzis. Uma grande quantidade de outros materiais também foi recolhida, mas o balanço continua em fase de contabilização. O governo do Rio diz que esta foi a maior ação integrada das forças de segurança dos últimos 15 anos. A Operação Contenção mobilizou mais de 2,5 mil policiais civis e militares. O objetivo foi capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.
Essa foi a operação mais letal da história do Rio. O número é mais que o dobro do registrado na operação do Jacarezinho, em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas.
Em maio de 2022, outra grande operação na Vila Cruzeiro, também na Zona Norte, deixou 24 mortos. Mesmo somando os óbitos das ações de 2021 e 2022, o total não supera o número de óbitos da operação desta terça-feira