
Na noite desta quarta-feira (29), a jornalista Míriam Leitão publicou um artigo no O Globo em que classificou como uma “tragédia” a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou dezenas de mortos. Segundo a colunista, a ação revela “erros graves do governo estadual” e reforça a necessidade de cooperação entre os governos federal, estadual e municipal no combate ao crime organizado.
Míriam criticou diretamente o governador Cláudio Castro (PL), que havia afirmado que o governo federal se recusou a fornecer apoio logístico à operação. Para a jornalista, Castro tenta transferir responsabilidades.
“Uma operação em que morrem tantos e que no dia seguinte ainda se contam os mortos é um fracasso. O governo estadual, quando percebeu que estava dando errado, decidiu culpar o governo federal”, escreveu.
Ela argumentou que o pedido por blindados e militares das Forças Armadas “não é trivial” e deve seguir ritos legais e institucionais — como apontou a Advocacia-Geral da União (AGU) no parecer enviado ao Ministério da Defesa. Míriam também defendeu a PEC da Segurança, proposta que, segundo ela, representa o “caminho correto da cooperação” entre os entes federativos, mas que foi rejeitada por Cláudio Castro.
A colunista ainda criticou o governador por convocar governadores de direita para uma reunião após a operação, dizendo que a atitude aprofunda a politização do tema da segurança pública.
“Há necessidade de cooperação entre todas as instâncias administrativas. Mas a briga política impede isso. O governador diz que não deve haver politização, mas é ele quem está politizando”, afirmou.
Míriam concluiu que a tragédia no Rio expõe a falta de planejamento e de inteligência policial, destacando que operações baseadas em integração, como a Carbono Oculto, obtiveram resultados eficazes sem a “cena de barbárie” vista nas últimas horas.







