
Brasil – Ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil durante o governo do democrata Barack Obama, Thomas A. Shannon Jr. disse neste sábado, em entrevista à agência britânica de notícias BBC News Brasil, que Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, é página virada para o presidente republicano Donald Trump. As sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), baseadas na Lei Magnitsky, no entanto, tendem a ser mantidas.
Se Shannon Jr. acredita que os pedidos de Trump pela anulação do julgamento de Bolsonaro foram retirados da mesa, o diplomata não tem dúvida.
— Sim, foram. Mas pelas ações das instituições brasileiras. Acho que Trump entendeu que sua tentativa de intervir em processos criminais no Brasil e de interferir em um processo eleitoral no Brasil não iria prosperar — disse.
Embora Trump tenha insistido nessa pauta, o tema perdeu relevância, segundo o diplomata
— Perdeu relevância principalmente porque o Brasil deixou muito claro que não iria ceder. E a instituição brasileira em questão, o Supremo Tribunal Federal, deixou muito claro que iria continuar com a acusação e manter a proibição de Bolsonaro concorrer nas próximas eleições. Uma vez que isso ficou evidente, o que os Estados Unidos poderiam fazer? — questiona.
A atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), conhecido como filho ’03’, continua ativa nos contatos com autoridades do governo norte-americano e, segundo Shannon Jr., sinaliza que Washington mantém apoio ao líder neofascista.
— Há algumas maneiras de ver isso. Primeiro, Trump não vai abandonar Bolsonaro. Ele o considera um amigo com visões políticas semelhantes. Mas é interessante notar que, em todas as comunicações com Lula, Bolsonaro não é mencionado. E não é mencionado porque Trump sabe que sua tentativa de proteger Bolsonaro da prisão e garantir que ele pudesse disputar eleições fracassou — concluiu.







