Brazilian indigenous people protest for the demarcation of indigenous land and over the murder of British journalist Dom Phillips and Brazilian Indigenous affairs specialist Bruno Pereira, in Sao Paulo, Brazil, on June 23, 2022. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)

Três anos após o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, chega às livrarias o livro que Phillips escrevia antes de ser morto: Como Salvar a Amazônia. Lançada em 27 de maio, a obra teve apoio da viúva, Alessandra Sampaio, e de um comitê editorial formado pelos jornalistas Andrew Fishman, Tom Hennigan, Jonathan Watts, David Davies e pela agente literária Rebecca Carter.

A obra mescla relatos de viagem, reportagens investigativas e reflexões sobre os principais desafios da Amazônia e de seus povos. Phillips aprofunda temas como o avanço do agronegócio, o desmonte das políticas ambientais, os ataques aos direitos indígenas e a resistência de comunidades ribeirinhas. Para ele, a floresta carrega em si mesma as respostas para sua preservação.

A primeira parte narra uma expedição ao Vale do Javari com Bruno Pereira — região onde ambos seriam assassinados semanas depois. O texto já começa sob forte tensão, com Phillips detalhando os perigos da selva: cobras, onças, sucuris, vespas gigantes e, acima de tudo, a presença de garimpeiros, madeireiros ilegais, narcotraficantes e pescadores armados. É nesse cenário hostil e isolado, lar do maior número de povos indígenas isolados do mundo, que se revela sua paixão pela floresta.

Com 384 páginas, o livro inclui fotos pessoais — da infância ao casamento, além de registros de suas viagens à Amazônia. A obra também conta com contribuições de Eliane Brum, Beto Marubo, Jon Lee Anderson, Tom Phillips e Andrew Fishman.

Julgamento dos assassinos

Phillips e Pereira foram mortos em 5 de junho de 2022 durante a expedição. Segundo a Polícia Federal, eles foram executados com armas de caça a mando de Rubens Villar, o “Colômbia”. Três homens foram denunciados: Amarildo da Costa de Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira. Amarildo e Jefferson irão a júri popular; o caso de Oseney ainda aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça.