Nesta segunda-feira (24), o dólar teve seu terceiro pregão consecutivo de valorização, fechando acima de R$ 5,75 pela primeira vez em cerca de dez dias. Após o recente rali do real, investidores ajustaram posições e realizaram lucros, mesmo com a alta de commodities e a valorização de divisas emergentes como os pesos mexicano e chileno.

A volatilidade aumentou devido às expectativas em torno do anúncio das tarifas recíprocas de Donald Trump, programado para 2 de abril. Analistas afirmam que o comportamento do real também reflete os ruídos políticos e fiscais internos, principalmente após as incertezas sobre o Orçamento de 2025.

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, comentou que o real sofreu devido a ajustes especulativos relacionados a questões internas, como desconforto com declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Apesar da melhora do apetite ao risco no exterior, as falas de Haddad não foram mal interpretadas, mas o mercado reagiu de forma especulativa”, afirmou a economista.

Durante a apresentação do ministro, o dólar chegou a atingir a máxima de R$ 5,7728. Haddad havia afirmado que não veria problema em mudar parâmetros fiscais, o que gerou interpretações de possíveis alterações nas metas fiscais. Contudo, o ministro rapidamente corrigiu suas palavras, garantindo que está confortável com o arcabouço fiscal atual e que qualquer mudança só ocorreria caso as circunstâncias mudassem.

Após os esclarecimentos de Haddad, o dólar caiu para R$ 5,73, mas voltou a ganhar força ao longo da tarde, superando R$ 5,75, alinhando-se com as quedas do Ibovespa. No fechamento, a moeda norte-americana subiu 0,61%, cotada a R$ 5,7524, embora ainda acumule uma desvalorização de 2,77% em março e 6,92% no ano.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a outras seis moedas fortes, subiu para 104,444 pontos. As taxas dos Treasuries também avançaram, com a T-note de 10 anos ultrapassando 4,30%.

Em outro fator de volatilidade, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, ajustou suas previsões, reduzindo de dois para um o número de cortes de juros esperados para este ano. O presidente Donald Trump também confirmou novas sobretaxas nos próximos dias, incluindo setores como automóveis e chips, embora tenha sinalizado pausas para alguns países.

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, destacou que as incertezas geradas pelas ameaças de tarifas adicionam volatilidade aos mercados. Ele apontou que o dólar pode impactar a economia dos EUA, dificultando o corte de juros pelo Fed.