A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) firmou dois convênios com a TV do Trabalhador (TVT), emissora ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e à Central Única dos Trabalhadores (CUT), no valor de R$ 2,65 milhões provenientes de emendas parlamentares. A informação foi revelada pelo Estadão.

Os recursos serão destinados por 12 deputados e senadores do Partido dos Trabalhadores (PT), partido historicamente próximo aos metalúrgicos e à CUT. O montante financiará a renovação dos estúdios, a compra de novos equipamentos e a produção dos chamados “programas jornalísticos” da TVT – termo colocado entre aspas pelo próprio Estadão.

Em artigo intitulado TV do PT, dinheiro dos contribuintes, o jornal critica a emissora, afirmando que “o que a TVT chama de jornalismo é conhecido no mundo real como propaganda”. O texto sugere que o canal poderia se chamar “TV do PT” ou “TV CUT” sem perder sua identidade, dado seu viés político.

A publicação também questiona o uso de dinheiro público para financiar uma organização privada e considera o gasto uma “violação dos princípios da moralidade e da racionalidade nos gastos públicos”.

– Se a TVT não tem condições de se manter, esse é um problema exclusivo de seus gestores. O ônus não pode recair sobre o erário – pontua o artigo, ressaltando que PT, Sindicato dos Metalúrgicos e CUT têm o direito de manter um canal próprio, mas sem recursos públicos.

A TVT solicitou 57 tipos de equipamentos, incluindo câmeras, monitores, notebooks, impressoras, mesas de som e um transmissor. Uma das câmeras listadas custa R$ 22,4 mil.

O acordo assinado em dezembro pela EBC justifica os convênios citando objetivos como “ampliar o conhecimento da classe trabalhadora, promover o engajamento dos movimentos sociais, estimular o debate público e contribuir para uma sociedade mais informada e engajada”.

– Nessa mixórdia, a apropriação da EBC para fins político-partidários é tratada como a coisa mais natural do mundo – conclui o Estadão.