O apagão que atinge diversos bairros da Capital e Grande São Paulo desde a última sexta-feira (11) gerou muito mais do que transtornos para a comerciante Luciana Nietto, de 47 anos. Moradora de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para ela a situação é um caso de vida ou morte.

A filha dela, Heloísa, de 18 anos, tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e depende de um respirador. Sem energia, a genitora teve que usar o carro a até fazer um “gato” no vizinho para manter o equipamento funcionando.

“Foi a saída que encontramos. A vida dela depende de energia elétrica”, disse a comerciante.

Luciana contou que o bairro em que mora, a Vila Santa Luzia, ficou sem energia durante o temporal da última sexta-feira. Naquele momento, o respirador ainda tinha um pouco de bateria, mas ela teve que usar um nobreak e extensores para puxar a energia da bateria do carro e evitar que o equipamento desligasse. Isso, pelo fato da jovem não conseguir ficar sem o respirador.

“Ela só consegue ficar alguns segundos sem o respirador. Cerca de 10 segundos. Assim que o respirador desconecta, a saturação dela começa a cair. Ela depende da energia”, explicou a mãe.

Luciana tentou falar desesperadamente com a Enel, mas enfrentou dificuldades, mesmo a residência dela sendo classificada como “cliente vital”, que são aqueles locais em que pessoas dependem de equipamentos essenciais à vida. Apesar dessa prioridade no atendimento, ela disse não havia respostas. Enquanto isso, ela precisou fazer um “gato” na casa de um vizinho, puxando a energia por um fio, para evitar que a filha ficasse sem respirar.

A comerciante relatou que os técnicos da Enel só apareceram com um gerador cerca de 40 horas depois do início do apagão. Na ocasião, eles disseram que a situação deve ser resolvida até a próxima quarta-feira (16).

“Eu não fiquei com o gerador e eles foram embora. Disseram que até quarta-feira iriam arrumar o problema no bairro”, relatou.