O dólar superou a marca de R$ 5,25 nesta sexta-feira, 31, em uma sessão caracterizada pela disputa pela formação da Ptax – a taxa de referência para o mercado – em um ambiente de aversão ao risco e pela falta de grandes surpresas nos dados de inflação dos Estados Unidos divulgados mais cedo.

Por volta das 12h10, o dólar à vista registrava alta de 0,79%, sendo cotado a R$ 5,2496, com máxima intradia de R$ 5,2585. O contrato da moeda para julho, o mais negociado da sessão, subia 0,79%, a R$ 5,2620, alcançando R$ 5,2715. O Ibovespa operava em queda, próximo aos 122 mil pontos. Veja cotações.

Os dados inesperadamente fracos sobre a atividade econômica da China – um potencial sinal negativo para as exportações de commodities – contribuíram para enfraquecer o real, que opera parcialmente descolado do movimento externo, onde o dólar cai em relação a algumas moedas de países exportadores de matérias-primas, como o dólar canadense, mas sobe em comparação a outras, como o peso chileno.

Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, observou que o mercado está inclinado a uma taxa de câmbio mais alta diante das incertezas sobre o cenário econômico. “Isso deixa as pessoas em alerta, pressionando para que o dólar mantenha taxas mais altas, visando a preservação de recursos nos Estados Unidos.”

Fernando César, operador de câmbio da corretora AGK, avaliou que o movimento do dólar está “um pouco fora da curva” e que o mercado pode se comportar de maneira diferente à tarde, após a conclusão da coleta dos boletins da Ptax. No entanto, ele ressalta que isso não significa necessariamente que o dólar devolverá os ganhos frente ao real hoje. “Quando há esses tipos de risco, o mercado de Ptax tende a ser mais comprador.”

Segundo Alef Dias, analista de inteligência de mercado e macroeconomia da Hedgepoint Global Markets, o valor justo do dólar atualmente está entre R$ 5,15 e R$ 5,17, sugerindo haver espaço para uma correção no mercado de câmbio no curto prazo.