Nesta quinta-feira (25), as Polícias Civis do Distrito Federal (PCDF) e de São Paulo (PCSP) uniram esforços em uma megaoperação realizada em São Paulo visando desarticular uma organização criminosa especializada em golpes cibernéticos.

A operação resultou no cumprimento de 12 mandados de prisão, 10 de busca e apreensão, além do bloqueio de 50 contas bancárias dos investigados e a derrubada de 540 domínios de sites falsos. A PCDF indiciou um total de 61 pessoas no decorrer da investigação.

As prisões foram efetuadas em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo.

De acordo com informações da Polícia Civil do DF, o grupo criminoso alvo desta operação já atuava há pelo menos cinco anos por meio do conhecido golpe do falso site de leilão de carros. Para viabilizar o esquema, os criminosos selecionavam websites reais de empresas renomadas do ramo de leilão de veículos, os clonavam e criavam réplicas idênticas.

A diferença crucial estava na extensão do endereço eletrônico: enquanto os sites originais possuíam a terminação “com.br”, os clonados replicavam o mesmo nome e aparência, porém com a terminação “.net”. Após clonar os sites, os criminosos contratavam empresas de marketing digital para impulsionar os endereços falsos nos mecanismos de pesquisa, como o Google.

Dessa forma, quando os usuários buscavam pela empresa real, os resultados da pesquisa exibiam o site clonado em destaque, ao invés do verdadeiro.

As vítimas, iludidas, acessavam o site falso e interagiam com os criminosos, acreditando estar lidando com a empresa legítima, conforme apontado pela investigação.

Os sites clonados incluíam números de telefone para contato, e as vítimas eram levadas a dialogar com o grupo por meio do WhatsApp, sendo induzidas a acreditar que estavam negociando com a empresa real até efetuarem os depósitos dos lances.

Mesmo falsas notas de arrematação eram enviadas às vítimas, que só percebiam o golpe meses depois, quando o carro nunca era entregue. Nesse ponto, já não conseguiam mais contato, pois os criminosos haviam bloqueado os números de telefone.

O escritório utilizado pelos criminosos era uma sala alugada em um prédio comercial de Santo André, que foi alvo das buscas realizadas hoje.

Segundo o delegado Erick Sallum, os criminosos operavam das 8h às 18h na referida sala, aplicando golpes em vítimas de todo o Brasil como se fossem uma empresa legítima.

“A presente operação evidencia de forma cabal o funcionamento da criminalidade moderna, que opera às sombras por meio da anonimização digital. É fundamental, portanto, reconhecer a importância da atividade de Polícia Judiciária e fortalecer os investimentos em inteligência e capacitação técnica”, ressalta o delegado.

Os investigadores conseguiram mapear cerca de 540 websites maliciosos mantidos pelo mesmo grupo criminoso. Após o uso excessivo de um mesmo nome falso em diversos golpes, essa empresa tornava-se alvo de reclamações em sites especializados, sendo retirada do ar para dar lugar a uma nova, de outra empresa ainda desconhecida.

Em muitos desses sites, até mesmo o brasão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios era utilizado para conferir uma aparência de credibilidade, dando aos golpistas uma falsa autorização para atuar na área.

Apenas na delegacia do Lago Norte de Brasília, responsável pela investigação, foram registradas dez ocorrências, totalizando um prejuízo de R$ 470 mil. Estima-se, no entanto, que centenas de outras vítimas tenham sido lesadas em todo o território nacional.