De acordo com a legislação atual, as empresas precisam atingir um percentual de inclusão de Pessoas com Deficiência (PCDs) no seu quadro de funcionários, além de oferecer espaços adequados para colaboradores que possuem necessidades especiais. Foi pensando na segurança desses trabalhadores, que alunos do curso de Automação Industrial da escola tecnológica da Fundação Desembargador Paulo Feitoza (FPFtech), a etech, desenvolveram um sistema de alarme visual para pessoas surdas que atuam no setor industrial.

A iniciativa foi um dos sete projetos apresentados pelos alunos do 1° semestre da turma apoiada pela Foxconn, na oitava edição da mostratech. Além de demonstrarem todo o conhecimento técnico adquirido no módulo, com soluções inovadoras focadas em acessibilidade e sustentabilidade, o escopo dos projetos evidenciou o compromisso dos estudantes com um futuro mais inclusivo e ecologicamente consciente.

Misturando inclusão com segurança do trabalho, um dos destaques da mostratech foi o “Sistema de Alarme para PCDs”, que traz um dispositivo de alerta visual para situações de emergência em um ambiente fabril (podendo ser aplicado a diversas áreas), beneficiando não apenas pessoas surdas, mas promovendo a segurança de todos os colaboradores.

Um dos alunos responsáveis pelo projeto inclusivo, Alciney de Oliveira, ressaltou que a ideia veio a partir da própria experiência profissional dele e de seus colegas. “Sabemos que todas as empresas têm um sistema de alarme, mas que geralmente é sonoro. Pensando em uma situação de sinistro, precisando de uma evacuação de funcionários, quando se aciona o sistema de alarme apenas sonoro, pode ser fatal para uma pessoa com deficiência auditivo. O nosso projeto visa um sistema de alarme tanto sonoro quanto visual, que quando acionado, a pessoa devidamente treinada pela empresa ela sabe que a luz intermitente acionada significa a necessidade de evacuação do local”, explicou Oliveira.

Outro projeto, de “Domótica aplicada à Acessibilidade” traz a solução de um controle remoto com raio infravermelho para acionar luminárias e destravar portas com trancas eletrônicas, visando facilitar o dia a dia de pessoas com deficiência físico-motora e idosos com mobilidade reduzida. Outro destaque foi o “Sistema de Irrigação Automática”, uma solução inteligente que detecta a umidade do solo para uma irrigação precisa, contribuindo não apenas para a eficiência agrícola, mas também para a conservação da água.

Além disso, o “Rastreador de Intensidade Solar” foi apresentado como uma inovação para aumentar a eficiência na captação de energia solar, com um sistema que automaticamente busca o ponto de maior incidência solar. Ainda com foco na utilização de energia renovável, o “Power Bank Solar” foi apresentado como uma fonte de energia portátil e sustentável, utilizando a luz solar como fonte de carregamento, contribuindo assim para a redução da pegada de carbono e para a conservação de recursos naturais.

Outra iniciativa inovadora dos alunos, para facilitar o aprendizado em eletrônica, é o projeto “EletroBoard”, que consiste em uma placa de circuito integrada para desmistificar a montagem de circuitos eletrônicos, especialmente para iniciantes na área. O projeto “Retrofit na Máquina Eletroerosão à fio”, por sua vez, se destacou ao propor melhorias em uma máquina industrial, visando o controle mais eficiente do nível de fluido de corte, o que não apenas otimiza processos, mas também evita desperdício.

Para o professor da etech, André Cunha, esses sete projetos não só refletem a criatividade e conhecimento dos alunos, mas também apontam para um futuro tecnológico que prioriza a acessibilidade, a sustentabilidade e o impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. “Hoje a gente tem projetos em várias áreas, incluindo projetos para acessibilidade, para pessoas com baixa mobilidade, bem como na área de energia renovável. Tudo isso foi possível graças aos conhecimentos adquiridos durante os seis primeiros meses do curso de automação industrial”, reforçou Cunha.