Ministério da Saúde definiu, nesta quarta-feira (27), a estratégia de ampliação da vacinação contra a dengue. Mais 154 municípios serão contemplados, observando os critérios estabelecidos quando da distribuição dos primeiros lotes: Regiões de Saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas de transmissão nos últimos meses.

O imunizante é destinado a pessoas de 10 a 14 anos, público que concentra a maior proporção de hospitalização pela doença. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas. A previsão é que na próxima semana as doses redistribuídas comecem a ser utilizadas, a depender do processo de remanejamento próprio de cada localidade.

Há 668 mil doses próximas do vencimento, previsto para 30 de abril: 523 mil em junho; e 84 mil em julho. Durante entrevista a jornalistas, hoje (27), o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização (DPNI), Eder Gatti, explicou o esquema de ampliação de municípios contemplados. “Não podemos deixar essas doses vencerem. Diante disso, o Ministério trouxe uma solução: redistribuir, dentro das unidades federadas, ou seja, dentro dos estados, para municípios que ainda não foram contemplados”, disse.

O remanejamento das doses próximas do vencimento para municípios dentro dos próprios estados será detalhado em nota técnica a ser divulgada ainda hoje. Mato Grosso do Sul não fará parte da redistribuição, pois todos os municípios do estado foram contemplados inicialmente. É também o caso do Distrito Federal – a unidade federativa que abriga a capital federal não possui municípios. O Amapá foi selecionado para receber as doses que sobraram dessas unidades federativas, considerando a situação epidemiológica do estado.

Os novos municípios fazem parte de 11 Regiões de Saúde:

  • Central – ES
  • Betim – MG
  • Uberaba – MG
  • Uberlândia/Araguari – MG
  • Recife – PE
  • Apucarana – PR
  • Grande Florianópolis – SC
  • Aquífero Guarani – SP
  • Região Metropolitana de Campinas – SP
  • São José do Rio Preto – SP
  • São Paulo – SP

Mais doses

O ministério recebeu nova remessa de doses contra a doença. Ao todo, 930 mil doses serão distribuídas para os 521 municípios inicialmente selecionados e para os 154 agora contemplados com a ampliação. “Enviaremos uma parte dessas doses para repor as que foram remanejadas em municípios inicialmente contemplados. Assim, garantiremos a continuidade da vacinação em locais com dose por vencer agora e que vão redistribuir. Nós também vamos garantir doses para aqueles municípios que estão vacinando bem, para que eles continuem a estratégia de vacinação”, disse Eder Gatti.

A pasta reforça que as vacinas são um importante instrumento para frear o avanço da dengue no país. No entanto, diante da pouca oferta de doses por parte da fabricante, o foco segue na eliminação dos criadouros do mosquito. 

Apoio aos estados e municípios

Nesta semana, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para Dengue e outras Arboviroses (COE-Dengue) promoveu seis visitas técnicas para dar apoio às ações de assistência e vigilância a estados e municípios. Os locais foram: Goiás, São Paulo (capital), São José dos Campos (SP), Ribeirão Preto (SP) e Campinas (SP), e Rio Grande do Sul. As visitas técnicas são customizadas ao que o estado ou município necessita, por exemplo, ajuda quanto ao manejo clínico. As visitas são previamente pactuadas com municípios e estados.  

Até o momento, o Ministério da Saúde liberou R$ 93,5 milhões por meios das portarias para estados e municípios que institui recursos para localidades que decretarem emergência, seja por dengue ou outras emergências sanitárias. Os repasses ocorrem mensalmente. Os recursos são parte do R$ 1,5 bilhão reservado para esse fim.

A pasta também destinou mais de R$ 300 milhões para o incremento financeiro federal do Componente Básico da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde (SUS). A recomposição do orçamento se dará por meio de aumento retroativo e contempla medicamentos que tratam sintomas da dengue.

Nesta quarta (27), foram enviados 12 profissionais para atuarem na Unidade Básica de Saúde Indígena – 24 horas. São técnicos da gestão, médicos, enfermeiros e equipes assistenciais, que atuarão até 4 de abril no território indígena Guarita (municípios de Tenente Portela e Redentora, no Rio Grande do Sul). A decisão do envio de reforço técnico veio após a realização de uma missão exploratória na região.

Foi promovido, ainda, webinário objetivo qualificar os profissionais que fazem parte da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh) e outros interessados sobre a investigação de arboviroses, além de seminário com secretários estaduais e municipais de saúde para debater o desenvolvimento de medicamentos para doenças negligenciadas.

Cenário epidemiológico

Até esta quarta-feira (27), o Brasil registra 2,3 milhões de casos prováveis de dengue e 831 mortes. Foram publicados 407 decretos municipais e 11 estaduais de emergência por causa da enfermidade.

A letalidade de óbito sobre o total de casos prováveis está em 0,04% entre a Semana Epidemiológica 1 a 12 deste ano ante 0,07% do mesmo período de 2023. Quanto à letalidade de óbito sobre o total de casos graves, o percentual está em 3,99% frente 5,28% no mesmo período do ano passado. Os índices, portanto, indicam redução na taxa de letalidade pela doença.