Um morador de Canoas, região Metropolitana de Porto Alegre, filmou o momento em que um vizinho usa uma geladeira como barco para sair de casa na quarta-feira, 4. O registro aconteceu na Praia do Paquetá, alagada devido à alta do Rio dos Sinos, causada pela chuva que atingiu o Rio Grande do Sul nas últimas semanas. Moradores ficaram ilhados e precisaram usar barcos e caiaques para poder se deslocar.

Em entrevista para o Diario de Canoas, Alinor Antunes Magalhães, conhecido na comunidade como Aladdin, afirmou que cansou de molhar os pés quando durante as travessias em um pequeno caique e, por isso, resolveu produzir a própria embarcação para sanar o problema.

“Quero que seja igual aos pedalinhos, mas por enquanto está servindo. Eu me molhava todo no caiaque, agora consigo sair de casa sequinho”, afirma.

Morando na região a cinco anos, o homem de 40 anos usou uma antiga geladeira LG para construir uma estrutura que garantisse o transporte de duas pessoas. Ele usou como base um navio anfíbio que viu em “programa americano”. Sobre chamar à atenção na estrutura pouco convencional, Alinor brinca que a “a maioria só abana e nem percebe”.

Segundo o Escritório de Resiliência Climática de Canoas cerca de 90 famílias residem na Praia do Paquetá. Por meio da Defesa Civil, o órgão monitora os níveis dos rios que continuam elevados em virtude das chuvas ao longo do mês de setembro. Em torno de 255 famílias continuam afetadas pela cheia em Canoas. A maioria são moradores da Praia do Paquetá, Fazendinha e das ruas da Barca, da Prainha e Berto Círio.

A região do Sul do Brasil tem sofrido com uma sequência de ciclones, que tem causado chuvas, inundações e destruição nos últimos dois meses. Nos idas 4 e 5 de setembro, algumas cidades, como Muçum e Roca Sales, ambas no Rio Grande do Sul, foram devastadas pelos fenômenos climáticos com 49 mortes. No fim do mês passado, um novo ciclone atingiu a costa gaúcha, aumentando o nível de água no Lago Guaíba, preocupando as autoridades locais e meteorologistas.

Em resposta a crise, o governo federal abriu, por meio de medida provisória, um crédito extraordinário de R$ 260 milhões para a reconstrução das cidades atingidas. Com esses recursos, o governo federal informou que já foram empregados um total de R$ 741 milhões em ações que envolvem busca e salvamento de vidas, a reconstrução das cidades e recuperação da economia dos lugares atingidos.

Em estado de calamidade, os municípios afetados pelo ciclone tiveram as regras orçamentárias, previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal, flexibilizadas até 31 de dezembro de 2024. Além disso, a linha de crédito de R$1 bilhão foi oferecida aos municípios, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), pela população que vive nas cidades atingidas, também foi liberada.

*Informações do Estadão Conteúdo