A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros grupos de ajuda humanitária pediram nesta sexta-feira (15) que as autoridades da Líbia parem de enterrar as vítimas das enchentes em valas comuns, depois que um relatório da ONU mostrou que mais de 1 mil pessoas haviam sido enterradas dessa forma desde que o país foi atingido pelas inundações.
Uma enxurrada arrastou bairros inteiros de Derna, uma cidade no Leste da Líbia, na noite de domingo, após o colapso de duas represas. Milhares de pessoas morreram e outros milhares estão desaparecidas.
“Pedimos às autoridades das comunidades afetadas pela tragédia que não se apressem em realizar enterros ou cremações em massa”, disse o dr. Kazunobu Kojima, médico responsável pela biossegurança do Programa de Emergências de Saúde da OMS, em uma nota conjunta enviada pela agência de saúde da ONU com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
A declaração pede que os enterros sejam mais bem administrados, em sepulturas individuais bem demarcadas e documentadas, dizendo que enterros precipitados podem causar sofrimento mental duradouro para os membros da família, além de problemas sociais e legais.
Os corpos de vítimas de traumas causados por desastres naturais “raramente” representam uma ameaça à saúde, acrescentou o documento, dizendo que a exceção é quando estão dentro ou perto de fontes de água doce.
Um relatório da ONU publicado nesta quinta-feira (15) informou que mais de 1 mil corpos em Derna e mais de 100 corpos em Albayda foram enterrados em valas comuns após as enchentes de 11 de setembro.
“Os corpos estão espalhados pelas ruas, voltando à costa e enterrados sob prédios desmoronados e escombros. Em apenas duas horas, um dos meus colegas contou mais de 200 corpos na praia perto de Derna”, disse Bilal Sablouh, gerente regional de perícia do CICV para a África, em uma reunião em Genebra.
O CICV enviou um voo de carga para Benghazi na sexta-feira com 5 mil sacos para corpos, acrescentou. Ele alertou que munições não detonadas, comuns em algumas partes da Líbia, representam um risco para as pessoas envolvidas na recuperação dos mortos.
Fonte: Agência Brasil