Liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, região Metropolitana de Salvador, a Yalorixá Maria Bernadete Pacífico foi executada na noite da última quinta-feira (17), num terreiro no município. Bernardete também era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).

A informação foi passada por lideranças da Conaq e da Coalizão Negra por Direitos. Um áudio, do neto de Bernadete, cuja veracidade foi confirmada por lideranças quilombolas, confirma o assassinato.

“Gente, sou eu… estou com o notebook, eles levaram o meu celular e de minha avó. Foi verdade, infelizmente, estou com o corpo de minha avó aqui no sofá, minha avó foi executada”, afirmou o neto de Bernadete, que terá a identidade ocultada, para que sua integridade física seja preservada.

“Quem puder dar um apoio, ficar aqui, venha, por favor. Minha avó está aqui no sofá executada… Neste momento eu só pensei na vida da minha irmã e do primo dela, que são crianças, liguem para a polícia”, pediu o neto de Bernadete.

Segundo os primeiros relatos, divulgados pelo perfil de Bernadete nas redes sociais, a quilombola estava sentada em um sofá, dentro do terreiro, quando quatro homens armados entraram e começaram a disparar. Ela morreu no local. O motivo seria disputa fundiária que envolvia o Quilombo Pitanga dos Palmares.

Nas redes sociais, Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos, confirmou o assassinato e afirmou que uma equipe da pasta será enviada até Simões Filho “imediatamente” para acompanhar o caso.

Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia, lamentou o assassinato. “Recebi com pesar e indignação a notícia do falecimento de Mãe Bernadete, uma amiga e grande liderança quilombola da Bahia. Determinei que as Polícias Militar e Civil desloquem-se de imediato ao local e sejam firmes na investigação.”

Há dois meses, Bernadete alertou que ela e outras lideranças do Quilombo Pitanga dos Palmares sofriam ameaças de morte, que viriam de grupos ligados à especulação imobiliária em Salvador, segundo a líder quilombola.

Lideranças quilombolas afirmam que o governo da Bahia não ofereceu proteção aos moradores do quilombo e as ameaças não foram alvo de investigação dos órgãos públicos baianos.

Em 2017, Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, filho de Bernadete, foi executado com dez tiros, em frente à Escola Centro Comunitário Nova Esperança, em Pitanga dos Palmares, a duas quadras da casa de sua mãe.

Aos 36 anos, Binho deixou três filhos. Um deles, viu a avó ser executada nesta noite. O assassinato do filho de Bernardete segue impune e os culpados não foram identificados pela polícia baiana.