O julgamento da vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, acusada de corrupção junto com outras 12 pessoas, entra na reta final a partir desta segunda-feira, 14, e estima-se que o tribunal possa emitir um veredicto antes do final do ano.

Em maio de 2019, poucos dias após Kirchner anunciar sua candidatura de chapa com o atual presidente de centro-esquerda Alberto Fernández, o processo judicial aconteceu ao longo de seu período como vice-presidente.

A decisão do tribunal acontecerá em um momento de especulações sobre as candidaturas para as eleições presidenciais e parlamentares do próximo ano.

“Sendo um julgamento de primeira instância, que não é o definitivo, seu impacto será mais midiático do que eleitoral”, disse o analista político Carlos Fará, em referência às eleições para as quais Kirchner, líder da ala mais esquerdista do peronismo, ainda não revelou suas intenções.

“A convicção de culpa que a maioria da sociedade tem e a ideia geral de que os políticos são todos mais ou menos corruptos subestima um pouco do seu impacto”, acrescentou.

Protegida por seus privilégios como vice-presidente e presidente do Senado, Kirchner não pode ser presa até o anúncio de uma decisão final do Supremo Tribunal de Justiça, algo que pode levar vários anos.

Na etapa que começa nesta segunda-feira, os promotores Diego Luciani e Sergio Mola devem responder aos pedidos de anulação das defesas. Um cronograma será então estabelecido para que os réus digam as palavras finais no julgamento.

Kirchner, de 69 anos, é acusada de ter favorecido o empresário Lázaro Báez na atribuição de contratos de licitações de obras públicas na província de Santa Cruz quando era presidente, entre 2007 e 2015.

O Ministério Público pediu contra ela uma pena de 12 anos de prisão e inabilitação política perpétua. A ex-presidente considera esse processo uma perseguição política e denunciou que a justiça, que ela chama de ‘partido judicial’, quer vê-la “presa ou morta”.

Entre os 12 acusados restantes estão Julio de Vido, ex-ministro do Planejamento; José López, ex-secretário de Obras Públicas; e o próprio empresário Lázaro Báez. No processo, o tribunal ouviu 114 testemunhas em 117 audiências.

Paralelamente, avança um caso pelo atentado fracassado que Kirchner sofreu em setembro, quando, em Buenos Aires, um homem puxou o gatilho de uma pistola duas vezes bem perto de sua cabeça, sem que a arma disparasse.

O criminoso se aproximou da vice-presidente se infiltrando entre dezenas de apoiadores que esperavam por ela todas as noites em frente à sua casa para expressar apoio, após o pedido de condenação do Ministério Público.