A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, prevê uma alta nos gastos mundiais com a importação de alimentos para US$ 1,94 trilhão em 2022. O aumento é de 10% em comparação com o último período.

O relatório Perspectivas Alimentares, lançado esta sexta-feira, alerta para uma alta histórica em relação às previsões anteriores da agência. Entre os fatores que devem influenciar a situação está a desaceleração no crescimento econômico, verificada neste ano.

Importação

A situação se reflete em preços globais elevados e na desvalorização das moedas em relação ao dólar norte-americano. Estas razões devem pesar no poder de compra dos importadores e, posteriormente, na quantidade de alimentos importados.

A continuação da guerra entre Rússia e Ucrânia também terá impacto na situação por envolver os dois grandes produtores agrícolas, e afetar diretamente 30 nações dependentes das exportações de trigo e óleo de girassol.

Os países de rendas alta e média alta devem fazer 85% dos gastos mundiais em alimentos importados e arcar com mais de 80% da subida nesses gastos.

A interrupção das cadeias de fornecimento e os custos recordes da comida, devido à alta nos preços dos insumos, foram as maiores causas do aumento na conta de importação de alimentos.

Economias em desenvolvimento

O relatório Perspectivas Alimentares, no entanto, alerta que as diferenças atuais entre as economias irão se acentuar.

Os países de alta renda continuam importando o mais vasto leque de produtos alimentícios, enquanto o foco de regiões em desenvolvimento está nos mais básicos.

As compras das economias de baixa renda podem se tornar cada vez mais sensíveis à subida dos custos, e seus volumes chegar a uma situação de estagnação em 2022.

São US$ 157 bilhões atribuídos à subida dos valores de compra e apenas US$ 27 bilhões refletindo a elevação dos volumes.

Maiores dificuldades

Na África Subsaariana, os gastos com importações de alimentos devem aumentar para US$ 4,8 bilhões. O declínio nos volumes chegará a US$ 700 milhões.

Nos países menos desenvolvidos, espera-se uma expansão de US$ 4,9 bilhões na fatura de importação de alimentos devido à alta de custos.

Nesse grupo, os importadores líquidos de alimentos terão de enfrentar US$ 21,7 bilhões em custos extras por apenas US$ 4 bilhões em volumes de alimentos importados.

Para a FAO, os “sinais são alarmantes” em relação à segurança alimentar. Os países importadores enfrentam maiores dificuldades para financiar o aumento dos custos internacionais, no que pode ser o fim de sua resiliência à subida de preços internacionais.

 

Com informações da ONU**