Um relatório da Sociedade de Medicina Ocupacional do Reino Unido (SMO, na sigla em inglês), afirma que a ‘Covid longa’ deve ser considerada uma nova doença que afeta a saúde e o trabalho e que, por isso, precisa de uma resposta mais rápida das autoridades de saúde.

Casos de pessoas com o quadro estão se tornando cada vez mais comuns, sobretudo pelo alto número de pessoas que foram infectadas pelo novo coronavírus e suas variantes ao longo dos mais de dois anos de pandemia no mundo.

As chances de desenvolver a Covid longa são reduzidas quase pela metade em pessoas vacinadas, de acordo com uma pesquisa recente publicada na ‘The Lancet Infectious Diseases.

Efeitos duradouros da Covid

Um estudo escocês feito pela Universidade de Glasgow e publicado recentemente na revista Nature Communications, com quase 100 mil participantes, reforça que a Covid longa pode deixar sequelas duradouras ou até permanentes em pessoas que se infectaram com o SARS-CoV-2.

Segundo a pesquisa, uma a cada 20 pessoas não se recuperou totalmente entre seis e 18 meses após a infecção, e 42% se recuperaram somente parcialmente. No estudo, os sintomas mais comumente relatados incluíram falta de ar, palpitações, dor no peito e “névoa cerebral” ou acuidade mental reduzida.

Os sintomas se demonstraram piores entre as pessoas que chegaram a ser hospitalizadas durante a infecção aguda.

Impactos da Covid longa

No Reino Unido, ao menos 2 milhões de pessoas (3% da população) foram diagnosticadas com Covid longa e quase 800 mil relataram ter mantido este sintoma por ao menos um ano, segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais citados no relatório da SMO.

A prevalência do problema é maior entre adultos de 35 a 69 anos, faixa de idade economicamente ativa, o que reflete em um “potencial impacto econômico colossal”, segundo o relatório.

Ainda segundo dados do governo britânico, a cada 1.250 pessoas infectadas pela Covid-19 no início 2020, apenas 8% voltaram a trabalhar da mesma forma de antes da doença.

Impactos na jornada de trabalho

Um estudo publicado na The Lancet em julho, que analisou dados de quase 4.000 pessoas com Covid-19 ou casos suspeitos de 56 países, relatou que 45,2% dos pacientes com Covid longa tiveram que reduzir sua jornada de trabalho em relação ao período anterior à doença.

Uma pesquisa online do The Belgian Health Care Knowledge Center relatou que 60% dos entrevistados que apresentaram sintomas com duração superior a quatro semanas, e estavam em um emprego remunerado antes da Covid-19, não estavam aptos para voltar ao trabalho.

Os sintomas com maior impacto no trabalho são fadiga, disfunção cognitiva, como dificuldade de concentração e perda de memória, e alterações no paladar e no olfato.

Principais sintomas

Segundo uma meta-análise veiculada em agosto na Nature, que analisou 15 estudos sobre os sintomas persistentes do coronavírus, com mais de 44 mil adultos que tiveram Covid-19, trouxe os 55 principais sintomas da Covid longa.

As cinco manifestações mais comuns são fadiga (58%), dor de cabeça (44%), distúrbio de atenção (27%), queda de cabelo (25%) e dispneia (24%). Dores articulares, perda de olfato, perda de paladar, acidente vascular cerebral e diabetes também foram relatados.

Outras manifestações relacionadas à Covid longa foram atreladas a doença pulmonar (tosse, desconforto torácico, redução da capacidade de difusão pulmonar, apneia do sono e fibrose pulmonar), cardiovascular (arritmias, miocardite), neurológica (demência, depressão, ansiedade, transtorno de atenção, transtorno obsessivo-compulsivo), além de sintomas inespecíficos, como queda de cabelo, zumbido e suor noturno.

Alguns estudos relataram que a fadiga, assim como a respiração ofegante pós-atividade e a queda de cabelos foram mais comuns no sexo feminino.

 

Com informações do Butantan**