Nesta terça-feira (25), a dentista Andrea Barbosa, ex-esposa de Eduardo Pazuello, que neste ano foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, contou um pouco do que viu nos bastidores do Ministério da Saúde quando o companheiro estava à frente da pasta durante a gestão da pandemia de covid-19.

Em uma postagem no Instagram, ela revelou que estava em Manaus durante a crise de oxigênio, em janeiro de 2021, e diz ter presenciado quando a capital do Amazonas “foi feita de laboratório para testar imunidade de rebanho, quando a cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a doença, era prescrita até para grávidas em estado febril pelo aplicativo TratCov”.

“Eu estava lá quando milhares de caixões eram enterrados em valas porque o cemitério já não tinha espaço e o presidente dizia que não era coveiro e, portanto, não tinha nada com isso. Eu vi gente que tinha muito dinheiro morrer sem oxigênio na pista entrar na UTI aérea. Eu vi gente que não tinha o que comer morrer pelo mesmo motivo e não ter recursos para enterrar seu ente querido”, escreveu, ressaltando que durante boa parte da pandemia o governo “negava a ciência e dizia não à vacina”

Em um dos momentos mais graves da pandemia, a capital amazonense enfrentou um colapso no sistema de saúde por falta de oxigênio para os pacientes que tinham a Covid-19. Ainda na publicação, a ex-esposa de Pazuello disse que “surtou” porque era coisa “demais para compactuar”.

Andrea também ressalta que “nunca” vai “perdoar esse governo e quem compactuou com ele” e nega que sua indignação com a atual gestão tenha algum motivo pessoal. Veja a publicação:

Além disso, durante entrevista concedida ao canal MyNews, no Youtube, divulgada na noite dessa segunda-feira (24), ela afirmou que ligou para o ex-marido após uma coletiva em que ele afirmou que a única opção era esperar pela chegada do oxigênio à capital amazonense.

“Eu falava que o que ele estava fazendo era crime, que ele ia ser responsabilizado, que era negligência sim. Que tinha gente morrendo a um quilômetro abaixo da casa dele no momento que ele estava dando uma festa”, relatou.

Na ocasião, Andréia explicou que ficou sabendo da festa porque sua filha estava presente no local e pediu para a empregada buscá-la. Quando a funcionária voltou, ela teria dito que tinha “whisky rolando” no evento. Com isso, a dentista questionou o então ministro da saúde por telefone: “Você está dando festa comemorando o quê? Morte?”.

Segundo Andréa, Pazuello afirmou que ela não tinha nada a ver com o assunto e que a única preocupação dele era “comprar os sacos pretos” para o enterro das vítimas da covid-19.  “Foi o momento que eu vi o descaso da equipe toda que trabalhava naquele ministério, um ministério militarizado e cheio de pessoas incompetentes”, ressaltou Andréa.

As declarações, que foram dadas a menos de uma semana para o segundo turno das eleições, teve grande repercussão negativa nas redes sociais. Quando o Ministério da Saúde foi questionado sobre as afirmações, em nota, a pasta afirmou que “desde o início da pandemia atuou de forma célere e transparente para agilizar as medidas de prevenção, proteção e cuidado da população brasileira”.

Veja a entrevista completa: