Durante seu discurso em uma sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na sexta-feira (7), o secretário-geral da agência, António Guterres falou sobre as recentes inundações no Paquistão, que atingiram 33 milhões de pessoas e mataram mais 1,7 mil, deixando um terço do território embaixo d’água.

Guterres afirmou que mesmo que o país não seja responsável nem por 1% das emissões globais de gases de efeito estufa, ele paga um enorme preço pelas mudanças climáticas provocadas por pessoas do mundo todo.

Ele relembrou a visita que fez, no mês passado, ao Paquistão, onde viu “um nível de carnificina climática além da imaginação”. Na ocasião, Guterres afirmou que as águas das inundações cobriram uma massa de terra equivalente a três vezes a área total de seu próprio país, Portugal.

Chegada do inverno

Apesar de as chuvas terem parado e os alagamentos diminuído, muitas áreas do sul continuam inundadas, e a preocupação agora é com a chegada do frio. “Muitos não têm abrigo quando o inverno se aproxima”, disse ele.

Para Guterres, “o Paquistão está à beira de um desastre de saúde pública”, alertando para ameaças de cólera, malária e dengue que podem acabar com “muito mais vidas do que as inundações”.

Foram cerca de 1,5 mil instalações de saúde arrasadas, 2 milhões de casas danificadas ou destruídas e mais de 2 milhões de famílias que perderam tudo. Guterres também acrescentou que, para os mais vulneráveis, os efeitos das inundações serão sentidos não apenas por dias ou meses, mas pelos próximos anos.

Aumento da fome e desnutrição

O secretário-geral destacou ainda a crise alimentar e o risco para o futuro, chamando atenção para a destruição de plantações e gado.

Segundo ele, a fome severa, a desnutrição entre crianças e mulheres grávidas lactantes e o número de alunos fora da escola estão aumentando. Com a atual situação, a expectativa é que mais de 15 milhões de pessoas comecem a viver na pobreza.

Guterres ressaltou que a questão central continua sendo a crise climática, lembrando que 80% das emissões que impulsionam esse tipo de destruição são dos países do G20: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Além disso, o bloco econômico da União Europeia também faz parte do grupo.

 

Com informações da ONU**

Foto: Unicef/A. Sami Malik