O torcedor do Flamengo que assediou a repórter da ESPN, Jéssica Dias, teve a prisão preventiva decretada na noite de ontem (7). Após prestar depoimento na 19º Delegacia de Polícia Civil, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, o homem, que não teve o nome revelado, passou por uma audiência de custódia no Juizado Especial Criminal, onde recebeu a sentença.

O caso de assédio aconteceu durante uma partida entre Flamengo e Vélez Sarsfield, pela Libertadores, no estádio do Maracanã. A repórter participava de uma transmissão ao vivo quando foi beijada no rosto pelo torcedor, sem seu consentimento. Logo após o ocorrido, os apresentadores do programa, Renato Rodrigues e Marcela Rafael, se revoltaram com a situação.

“Vamos pegar a carinha dele e mostrar para todo mundo”, disse Renato. “Jéssica, eu sinto muito. Minha solidariedade a você nesse momento”, complementou a apresentadora. “Obrigada, Marcela, um beijo. Obrigada, Renato”, respondeu Jéssica, desconfortável. Após o fim da transmissão, o cinegrafista e o seu auxiliar seguraram o homem e acionaram a polícia.

Tanto o homem quanto o seu filho, de 17 anos, foram conduzidos até a delegacia. Após o incidente, o Flamengo emitiu uma nota repudiando o assédio e classificou a situação como repugnante.

“É lamentável que atos repugnantes como este, que não representam a Nação Rubro-Negra, ainda aconteçam”, diz a nota.

Somado a isso, a emissora também se manifestou sobre o caso. Em nota, a ESPN disse que “atitudes como essa não cabem hoje no nosso planeta, seja em um jogo de futebol ou na casa de qualquer mulher” e apoiou a atitude da repórter.

“Jéssica, como toda mulher deve fazer, registrou boletim de ocorrência. A ESPN e a Disney repudiam qualquer tipo de agressão contra as mulheres. A empresa vai dar todo apoio a nossa repórter e esperamos que o agressor seja punido com todo o rigor que a lei permite”, ressaltou a nota.

Pronunciamento da vítima:

Após o caso repercutir nas redes sociais, a repórter Jéssica Dias se pronunciou pela primeira vez nesta quinta-feira (8), em um post no instagram. Na legenda, ela relatou que lidou com outros momentos tensos antes e durante o link ao vivo.

“Foi só um beijinho no rosto. Não. Não foi. Antes tiveram muitos xingamentos e importunação porquê o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os “pedidos de desculpa” com alisamentos nos ombros e um beijo no local. Eu estava prestes a ser chamada para o link e mantive a posição, existe uma logística que exige concentração”, iniciou.

“Outra tentativa de beijo no ombro. Me esquivei e meu câmera o chamou a atenção dele. O último ato foi o beijo no rosto. Que poderia ter sido na boca e não mudaria nada. Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime. Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar 3h em uma delegacia. Eu só queria trabalhar. O ser humano que fez isso estava com um filho menor de idade que se desculpou pelo pai”, lamentou a repórter, que elogiou a atitude do filho do homem.

“O menino não tem culpa, não punam a família dele. Eu agradeço todo apoio e carinho dos meus chefes, colegas, torcedores, telespectadores e ouvintes. Dois HOMENS de caráter, que foram atrás do cara e ficaram comigo durante todo tempo”, concluiu ela. Veja o post aqui!