Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta terça-feira (28), mostram que os crimes de estelionato digital quase triplicaram no Brasil desde 2018, de cerca de 426, 8 mil naquele ano à taxa de 1,2 milhão de registros em 2021 — um aumento percentual de 179% no período. Desde então, o crime não diminuiu em nenhum dos 26 estados e no Distrito Federal.

Os dados foram coletados pelos pesquisadores com as secretarias de Segurança Pública dos estados e analisados a partir da taxa total a cada 100 mil habitantes para efeito de comparação entre as unidades da federação.

O estado que viu o maior aumento durante o período foi o do Rio Grande do Norte, com 420% a mais de ocorrências. Já o Distrito Federal é o que tem o maior número proporcional de casos, com média de 1.310 crimes desse tipo a cada 100 mil habitantes no ano de 2021.

Segundo os autores do anuário, a alta do estelionato foi puxada pelos crimes virtuais e golpes através do Pix. São crimes potencialmente muito lucrativos e de fácil realização porque, uma vez dominada a técnica, a prática pode ser realizada diversas vezes sem expor os criminosos nas ruas. Um exemplo são as centenas de mensagens disparadas em aplicativos de mensagens para atrair consumidores para fraudes.

Além disso, o Pix e a tecnologia bancária atual também podem facilitar a prática pela rapidez com que permitem a transferência de valores e a criação de contas — às vezes, com o nome e dados das próprias vítimas.

Outro fator que pesa contra a escalada dos estelionatos é a dificuldade das forças de segurança de combater crimes que surgiram nos últimos meses e envolvem quadrilhas especializadas.

“São investigações que demandam um tempo, relativamente factíveis de serem feitas, mas que demandam muito tempo e a polícia não tem nem o efetivo, nem muita gente preparada ou a tecnologia, muitas vezes, para realizar esse tipo de investigação ao redor do Brasil”, explica Rafael Alcadipani, um dos autores do estudo.