O pastor Tupirani da Hora Lores, líder da Igreja Petencostal Geração Jesus Cristo, foi preso na manhã desta quinta-feira (24/02) pela Polícia Federal (PF), por meio da Operação Rófesh. Ele estava em sua casa, na sede da igreja, no Morro do Pinto, no Santo Cristo, Zona Portuária do Rio de Janeiro.

Tupirani é acusado por crimes de racismo e ódio contra judeus. Em um culto em junho de 2020, que foi filmado e acabou viralizando na internet, o pastor afirmou que o povo judeu ”deveria ser envergonhado como foram na Segunda Guerra Mundial”. Paralelamente, o líder religioso também destilava ódio contra outras religiões, como, por exemplo, as de origem afro.

Vale ressaltar que, em março de 2021, a Polícia Federal já tinha ido à residência de Tupirani cumprir mandados de busca e apreensão. Além de ser incriminado por racismo e ameaça, o pastor responderá também por incitação e apologia ao crime. Se for condenado, poderá ficar preso por até 26 anos.

Operação Rófesh

Em hebraico, a palavra ”rófesh” significa ”liberdade”, e foi escolhida para nomear a operação pois ”faz alusão às recentes discussões sobre os limites da liberdade de expressão”, de acordo com explicação da PF.

A Rófesh foi coordenada pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos, da Polícia Federal. Os mandados foram expedidos pela 8ª Vara Federal Criminal.

Instituições israelitas se manifestam

Por meio de nota oficial, a Federação Israelita do Estado do RJ (Fierj) parabenizou o trabalho da PF e destacou a prisão de Tupirani como um ato muito importante para ajudar a combater esse tipo de crime.

”É a certeza da aplicação da lei contra o racismo que poderá, em um primeiro momento, conter esse mal que alicerça o ataque a segmentos historicamente discriminados. Em outra vertente, a educação para que as gerações futuras não mais reproduzam o racismo”, salientou a Fierj.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também se manifestou a respeito da prisão de Tupirani. Segundo eles, o pastor é ”dono de uma trajetória única, incomparável em reincidência em práticas racistas e discriminatórias há mais de uma década”.

Além disso, a Conib ressalta que Tupirani também ”dedica-se a atacar linhas evangélicas diferentes da dele, judeus, principalmente, que são seus alvos preferidos, além de muçulmanos”.

”Quem pratica o crime de racismo não é só aquele que pratica diretamente, é também aquele que incita a prática da discriminação. Ele influencia seus fiéis, influencia seus seguidores na internet a cometerem também essas práticas racistas”, concluiu a instituição.