A Amazônia Legal bateu mais um recorde de área sob alerta de desmatamento em janeiro: foram 430km² de área sob alerta, o maior número para o mês desde 2016. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O recorde já havia sido batido antes do fim do mês, com os dados parciais até 21 de janeiro. A destruição continua piorando, apesar das recentes promessas do governo de controlá-la.

A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba a área de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.

Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

Pesquisadores ambientais disseram que não ficaram surpresos ao ver a destruição ainda aumentando, dado o enfraquecimento das proteções ambientais no governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Com pouco medo de punição, os especuladores estão cada vez mais desmatando a floresta para fazendas em apropriações ilegais de terras”, disse Britaldo Soares Filho, pesquisador de modelagem de sistemas ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os altos preços da carne bovina, soja e outras commodities também estão aumentando a demanda por terras baratas.

Para Cristiane Mazzetti, gestora ambiental do Greenpeace, é preciso que os governos estaduais e federal invistam em ações conjuntas para combater o desmatamento ilegal.

“Os estados podem até ter colocado um pouco mais de empenho em atividades de fiscalização. No entanto, quando temos um governo federal que se coloca contrário à proteção das florestas e das diversas sinalizações de que o crime ambiental será tolerado e recompensado, esses esforços acabam se anulando”, explica a gestora ambiental.