Da redação

Já tem efeitos na política fluminense a definição de Lula de apoiar Marcelo Freixo (PSB) na eleição para o governo do Rio. O PSD de Eduardo Paes e o PDT de Ciro Gomes estão perto de fechar um acordo para as eleições no estado, com potencial até para se transformar num apoio de Paes a Ciro na eleição presidencial.

O prefeito do Rio e o candidato do PDT à presidência da República vão se reunir na próxima quarta-feira (2), no Rio, em um encontro do qual participarão também o presidente do PDT, Carlos Lupi e os pré-candidatos ao governo dos dois partidos: o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.

Paes ainda convidou Ciro para falar na reunião com seu secretariado marcada para o domingo seguinte (6).

O encontro deve selar um acordo para que Santa Cruz e Neves sigam juntos nas eleições, com um disputando o governo estadual e o outro, o Senado. Quem vai estar em qual posição ainda não se sabe. Segundo Paes, isso será definido mais tarde.

O prefeito não descarta discutir apoio a Ciro Gomes em 2022. Mas só se o PSD não tiver candidato. Por enquanto, o partido vem mantendo a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, à presidência da República.

Nos últimos meses, Paes manteve diálogo frequente com Lula e com lideranças  petistas como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, o deputado estadual André Ceciliano.

Lá atrás, especulou-se que Paes poderia até deixar a prefeitura para tentar o governo, o que ele sempre negou. Mais recentemente, o prefeito chegou a sugerir que Ceciliano se filiasse ao PSD e saísse candidato ao governo, apoiando Lula para a presidência.

O ensaio de candidatura de Ceciliano causou estresse com Marcelo Freixo e serviu para pressionar o PSB a aceitar o acordo com o PT em São Paulo, local onde a formação da chapa vem travando a articulação para que Geraldo Alckmin se filie ao PSB e se torne candidato a vice na chapa de Lula.

Até mesmo Rodrigo Neves, que já foi do PT, chegou a ser lembrado como alguém que o PT poderia apoiar, caso a aliança com o PSB não fosse adiante.

Nos últimos dias, porém, Lula vem dizendo claramente que seu candidato no Rio será mesmo Freixo, o que reduz a margem de manobra política de Paes.

Na última pesquisa de intenção de voto para o governo do estado realizada pelo instituto Quaest, Freixo lidera com 25% neste caso, contra 16% para o atual governador, Cláudio Castro (PL). Nesse levantamento, Rodrigo Neves teve 7% e Felipe Santa Cruz, 3%.

Nas conversas sobre o cenário eleitoral, Eduardo Paes vem dizendo que é virtualmente impossível fechar um acordo local com os petistas, porque o PT  “quer tudo para ele” – traduzindo, os candidatos à presidência da República, governo e Senado. “Aí não dá.”

É por isso que Paes considera ir de Ciro Gomes para presidente, caso Pacheco não siga adiante. Com o pedetista, a conversa tem rolado mais fácil, mas só o tempo vai dizer se esse namoro vira mesmo casamento.