Brasil – O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem até o próximo dia 28 de janeiro para depor à Polícia Federal, no âmbito de uma investigação aberta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura vazamento de inquérito sigiloso sobre ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em agosto de 2021, durante entrevista, Bolsonaro divulgou informações sobre o inquérito, além de dados de servidores do TSE, para atacar e colocar em xeque a segurança das urnas eletrônicas, em sua narrativa de afirmar que há “fraude” nas eleições.

Alexandre de Moraes, então, solicitou a investigação à PF por entender que o caso se relacionava com o inquérito das fake news. Em 29 de novembro de 2020, o ministro do STF deu prazo de 15 dias para que Bolsonaro prestasse depoimento, mas a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu pediu e Moraes estendeu o prazo para mais 45 dias, que se esgota no próximo dia 10 de janeiro.

A entrevista em que Bolsonaro divulgou as informações sigilosas foi cinco dias depois da live de 29 de julho em que o presidente havia levantado suspeitas sobre a segurança das urnas.

Código-fonte

Em entrevista à Jovem Pan na época, Bolsonaro atribuiu à PF a conclusão de que o resultado das eleições de 2018 poderia ter sido fraudado.

Ele alegou ainda que o hacker conseguiu obter um código-fonte e que, com ele, poderia retirar seu nome da urna. Isso, no entanto, não procede.

“Quando tivemos eleições em que o código-fonte esteve na mão de um hacker, pode ter acontecido tudo, [o eleitor] aperta 17 e sai nulo”, declarou. “Não tem que ter PEC mais. Dado os documentos que estão aqui, o próprio TSE tem que falar amanhã: ‘vamos blindar o sistema de hackers com o voto impresso’”, disse ainda.

O código-fonte obtido pelo o hacker, no entanto, é o mesmo que partidos e entidades conseguem acessar, conforme apontou reportagem da jornalista Patrícia Campos Mello, na Folha de S. Paulo.

“É naturalmente falso o argumento de que a posse do código-fonte é suficiente para provocar fraude. Se fosse o caso, os fiscais de partidos políticos que possuem acesso ao código-fonte nas dependências do TSE estariam fraudando eleições a torto e a direito desde o princípio, o que não é nada razoável de se assumir”, disse Diego Aranha, especialista em segurança digital.

Fonte: Revista Fórum