AMAZONASSete municípios do sul do Amazonas concentram 83% de área desmatada em todo o estado em 2021, segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), na última sexta-feira (19).

O estado apresentou o segundo maior índice de desmatamento na Amazônia Legal neste ano, conforme o relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), divulgado na quinta-feira (18).

O levantamento apontou, ainda, que o desmatamento na Amazônia Legal passa de 13 mil km² entre agosto de 2020 e julho de 2021. O número é o maior desde 2006, quando as medições apontaram 14.286 km² desmatados.

De acordo com a Sema, os municípios que mais apresentam áreas desmatadas são Lábrea, Apuí e Boca do Acre. Somados, os três municípios têm uma área desmatada de mais de mil quilômetros quadrados. Incluindo ainda os municípios, Humaitá, Novo Aripuanã, Manicoré e Canutama.

Na sexta-feira (19), equipes da Sema se reuniram com órgãos de fiscalização e controle para discutir as próximas ações da “Operação Tamoitatá”, de combate ao desmatamento ilegal e queimadas. As ações tiveram início em abril e devem seguir até o fim de novembro.

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, um dos principais responsáveis pelo desmatamento na região é a devastação de áreas para prática do setor primário, como a agricultura.

O secretário afirmou que as ações de combate ao desmatamento da operação enfrentaram dificuldades durante a realização, como o deslocamento para locais isolados e de difícil acesso, além do cenário da Covid-19 que impediu o envio de pessoas para os municípios do interior.

“Nós enfrentamos um problema muito grande do ponto de vista do deslocamento da equipe na prevenção do desmatamento no período do pico da segunda onda da pandemia. Com o avanço da vacinação, a gente vai poder entrar e começar as ações da ‘Tamoitatá 2’ logo em fevereiro”, disse.

O secretário lembrou que, durante as ações, as dificuldades de deslocamento para os municípios que ficam no Sul do Amazonas foram vistas nas estradas e rodovias.

“Atualmente, o que a gente sofre muito, é o deslocamento de equipe por terra. A falta de estrutura também prejudica muito a atuação das forças de segurança e fiscalização. Já tivemos caminhão dos bombeiros que capotou na estrada, carros que foram danificados na estrada antes de chegarem aos locais de origem, fora a dificuldade para chegar com rapidez aos pontos de emergência”, disse.

Segundo o chefe de operações da Secretaria de Educação e Desporto, de Administração e Gestão (Sead), major Alisson Botelho, o cenário de dificuldades vivido durante as ações da operação podem ter influenciado para que o Amazonas alcançasse o grande índice de desmatamentos.

“A Covid trouxe um atraso no nosso planejamento porque parte do nosso efetivo não estava vacinado, tinha também grande parte como grupo de risco. Houve esse atraso, mas o intuito é que a gente possa melhorar essa ação e ano que vem a gente possa iniciar mais cedo”, afirmou o major.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), 2021 já é o terceiro ano com o pior índice de queimadas registradas no Amazonas. Entre janeiro e os primeiros dias de novembro, mais de 14 mil focos de incêndio já foram registrados pelo órgão no estado.

De acordo com os dados divulgados pelo Inpe, de janeiro até o dia 3 de novembro de 2021, já foram registrados 14.617 focos de incêndio. Desde 1998, quando o órgão começou a registrar as queimadas, só dois anos tiveram números maiores. 2005, com 15.644 focos e 2020 com 16.729, em todo o ano.

O mês de outubro de 2021 teve o maior número de queimadas no Amazonas nos últimos cinco anos. Foram 1.773 focos registrados pelo Inpe. A última vez que o mês havia tido números tão altos foi em 2016, quando foram registrados 1.913 focos.

Durante o ano, outubro é o terceiro mês com maior número de queimadas, segundo o levantamento feito pelo órgão. Os meses que registraram maiores índices foram agosto, com 8.588 e setembro, com 2.799 focos de queimadas registradas no Amazonas.