Um vereador brasileiro e outras cinco pessoas, entre elas duas brasileiras, foram executadas em menos de 24 horas na região de fronteira entre Brasil e Paraguai. Farid Charbell Badaoui Afif (DEM-MS), de 37 anos, era vereador de Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense vizinha à paraguaia Pedro Juan Caballero.

Haylee Carolina Acevedo Yunis, de 21 anos, filha do governador do estado de Amambai, Ronald Acevedo também foi morta.

O vereador foi o primeiro a ser executado, na tarde da última sexta-feira (8), quando andava de bicicleta. Poucas horas antes, publicou um vídeo nas redes sociais falando que passaria com o veículo em algumas repartições. Os tiros que atingiram Farid foram disparados por uma pessoa que estava em uma motocicleta. No local foram recolhidos quatro munições de calibre ponto 45.

As outras quatro pessoas mortas no início da manhã deste sábado (9) foram atingidas por tiros quando saíam de uma casa noturna. A polícia investiga se as mortes tem alguma ligação.

Um vídeo de câmeras de segurança mostra a execução das vítimas, que estavam em uma caminhonete branca com placas do Brasil. As imagens mostram as quatro vítimas se aproximando e entrando no veículo. Outra caminhonete com placas do Paraguai para atrás e três homens armados saem dela, já atirando, e fogem na sequência.

Foram mortos também os paraguaios Haylee Carolina Acevedo Yunis, atingida por seis tiros, e Omar Vicente Álvarez Grance, de 32 anos. Conhecido como “Bebeto”, sofreu 31 disparos.

As vítimas brasileiras Kaline Reinoso de Oliveira, de 22 anos, natural de Dourados, morta com 14 tiros; e Rhannye Jamilly Borges, de 18 anos, assassinada com 10 tiros eram estudantes de Medicina na região de fronteira e amigas da filha do governador paraguaio.

Kaline começou a faculdade de medicina há cerca de 6 meses. “Ela estava fazendo online por causa da pandemia, há um mês se mudou pra Ponta Porã, porque as aulas presenciais voltaram. A gente não conhecia nenhuma amiga dela da faculdade, eram todas novas”, explicou Anderson Coelho, padrasto da jovem.

Anderson disse que ele e a esposa sempre se preocupavam com Kaline. “Ela falou que ia em uma festa, a gente ficava apreensivo e avisava que lá se mata um por dia, sempre dava conselho, mas sair pra festa assim é normal pros jovens de hoje”, contou.

Segundo as autoridades policiais da região, a fronteira faz parte de rotas de comércio ilegal e é disputada por quadrilhas do tráfico de armas, drogas, contrabando e outros crimes transnacionais, como explica o chefe da Polícia Federal em Ponta Porã, Diego Santana Gordilho Leite. No entanto, ainda não há a confirmação de que os crimes ocorridos nesta sexta e sábado tenham ligação com o tráfico.