Na quarta-feira (29/9), o ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, foi preso por suspeita de crimes sexuais contra pacientes. Mensagens de aplicativo atribuída mostram quando ele fez comentários de cunho sexual a uma mulher que fazia perguntas sobre um método contraceptivo: “posso testar”. O caso aconteceu em julho de 2020, em Anápolis, a 55 km de Goiânia.

Na conversa, a paciente pede informações sobre o uso do anel vaginal, um método contraceptivo. Em um momento, ela pergunta se ele não atrapalha a relação sexual e se o parceiro não o sentiria. Ele, então, responde:

Bom, minha namorada já usou e eu não percebi diferença alguma. Posso testar kkk. Brincadeira”.

Segundo a Polícia Civil, a insinuação foi feita após uma consulta, quando houve uma violação sexual mediante fraude. Outras 41 mulheres já formalizaram denúncia contra o ginecologista.

O médico foi preso na quarta-feira (29), em seu consultório, após a denúncia de três pacientes. O caso está em segredo de Justiça.

Policiais femininas foram encarregadas de ouvir todas as vítimas. A corporação já recebeu ligações de mulheres fora de Anápolis: Pirenópolis, Goiânia, Abadiânia e até do Pará.

“Até o momento temos ideia de umas 52 ou 54, mas creio que nós podemos chegar até umas 100 vítimas”, disse a delegada Isabella Joy.

Há relatos de mulheres abusadas, inclusive, quando adolescentes. Os crimes aconteciam durante consultas e por aplicativos de mensagens. Há registros de mulheres que o médico tentou agarrar e beijar.

“Temos diversos relatos de vítimas que ele tentou agarrar, beijar, fez que tocassem nos órgãos genitais dele, vítimas que ele abusou durante o parto, que sofreram depressão pós-parto por causa dele”, descreveu Isabella.

O médico é investigado por importunação sexual, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.

Segundo a polícia, o médico já foi condenado por crime sexual no Distrito Federal, em 2019. Mas, como era réu primário, ele não foi preso. Ainda de acordo com a corporação, o médico também foi denunciado no Paraná, mas o caso foi arquivado em 2018.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou, por meio de nota, que “vai apurar o caso e a conduta do médico no exercício profissional”.

Entre as denúncias está a da Kethlen Carneiro, de 20 anos, que procurou a corporação para relatar que foi abusada por ele quando ainda tinha 12 anos.

“Ele veio me falar que eu podia começar a me masturbar. Me mostrou histórias em quadrinho pornô e vídeos. Me mandando os links e quais eu podia assistir. Depois levantou, pegou minha mão e colocou nele, na parte íntima dele”, contou.

Outra paciente relata que foi abusada pelo ginecologista durante o atendimento. Ela decidiu falar sobre o caso após a prisão do médico.

“Ele teve conversas inadequadas, me mostrou sites obscenos, brinquedos eróticos e tocou em mim não da forma que um ginecologista deveria tocar. Quando ele colocou minha mão da parte íntima dele, sabe?”, disse a paciente, que não quis se identificar.

Outra mulher também teve coragem de falar sobre o crime somente com a prisão do suspeito. Ela disse que, durante uma consulta no ano passado, o médico elogiou seus olhos e também o órgão sexual. Em seguida, perguntou sobre sua relação sexual com o marido.

“Eu fiquei congelada, e ele fazendo manipulações, isso tudo com os dois dedos introduzidos na minha vagina. Eu não consegui nem respirar no momento. É uma situação que a gente nunca espera que vá acontecer”, contou.