BRASIL – A alta média de preços, que já supera 10% em um ano, deixa sua marca também em um item presente na cesta básica da classe média: o churrasco do fim de semana.

A carne é um dos principais vilões da alta de preços e, nos últimos 12 meses, a “inflação do churrasco” subiu mais de 17%, segundo cálculo feito pela Fundação Getúlio Vargas. Mais até que a média dos alimentos e bebidas, que está em 13,36%.

Picanha, linguiça e alcatra subiram mais de 20%. E a conta não inclui ainda a alta também no valor da cerveja que está em média 10% mais cara no país.

Nos últimos meses, a disparada da inflação complica a vida econômica dos brasileiros e leva milhões de brasileiros para a miséria e a fome.

A população classe média tem que mudar os hábitos e adequar o cardápio. Ainda assim, a conta ainda permanece alta, pois até a carne de segunda, que foi a alternativa para quem teve de apertar o orçamento, está ficando proibitiva, com “preço de carne de primeira”.

O economista Matheus Peçanha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), explica que a subida forte do dólar e o aumento da demanda por carnes em geral da China fizeram disparar o preço da proteína aqui no Brasil.

“O resultado é que os produtores preferem vender para o exterior, já que é mais lucrativo e, portanto, sobra menos para o mercado interno. Com esse aumento da concorrência externa, aumenta também o preço.”, diz Peçanha.

Segundo economistas, como a carne tem preço cotado em dólar no mercado internacional, a cada vez que o real se desvaloriza, mais cara vai ficando a proteína. O frango é a outra opção à carne. O que tem um efeito perverso nos preços. Essa opção mais barata vai encarecendo conforme a demanda pela carne de boi vai para o consumo de frango. Por isso também, o preço já subiu 30,08%.

O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, diz que o real perdeu 30% do valor frente ao dólar no ano passado. Enquanto a cotação do milho subiu 68,8% no mesmo período e a da soja, 79,4%. A variação expressiva desses produtos também faz subir o preço da carne, lembra Peçanha. Milho e soja são usados na ração dos animais. A seca afetou o pasto, e os pecuaristas estão precisando usar mais ração para o gado.