Na noite da última quarta-feira (22), uma adolescente de 16 anos foi barrada de entrar em uma padaria, após ser “confundida com pedinte”. O caso aconteceu na padaria Portugália, no bairro Cocó, zona nobre de Fortaleza.

Após oito dias da delegada Ana Paula Barroso ser impedida de permanecer na loja Zara, no shopping Iguatemi, por suposto crime de racismo, a história se repete com a adolescente Mel Campos, impedida de entrar na padaria por um seguraça, ao ser confundida como pedinte.

O pai da garota, o defensor público estadual Adriano Leitinho, disse que Mel estava retornando do jiu-jitsu e, por ter esquecido a chave de casa, se dirigiu à padaria em frente à residência para comer enquanto aguardava a chegada dele.

“Antes disso, ela tentou ir a um posto de combustíveis para sacar dinheiro, e quando retornou, foi abordada logo na entrada pela segurança, ouvindo que não poderia ficar ali ‘pedindo’. Então a Mel disse ‘não tô pedindo nada, sou cliente’”, narra Adriano.

Após perceber o equívoco, a funcionária pediu desculpas à adolescente e permitiu a entrada. Por ficar em frente à residência da família, a padaria é frequentada por Mel desde que era pequena, como relembra o pai.

O pai da garota disse que só teve conhecimento do caso quando já estavam de saída da padaria, pois a filha estava “muito constrangida e com vergonha”.  “Chamei a gerente, a segurança, e perguntei desde quando cor da pele retrata que a pessoa é pobre ou rica”, relata Adriano.

Segundo Adriano Leitinho, a padaria não contatou a família depois do episódio, que foi denunciado em notícia-crime registrada na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). “A Mel agora está empoderada, e resolvemos não calar”, finaliza.

Como história que se repete na vida de pessoas negras, o racismo não é inédito para Mel. Adriano Leitinho narra que, quando criança, a menina “foi confundida com a babá do meu afilhado”.

RESPOSTA DA PADARIA

Em nota publicada nas redes sociais, a padaria afirmou ser “totalmente contra todo e qualquer tipo de preconceito dentro e fora da loja”, e que “as providências estão sendo tomadas para que não se repita”.

O estabelecimento pontuou que a segurança responsável por barrar a entrada de Mel não pertence ao quadro de funcionários da Portugália, mas sim do shopping, e que não tem gerência sobre o treinamento de profissionais. “Esse comportamento não está dentro de nossa conduta”, acrescenta a padaria.