BRASIL – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não costuma achar justas as cobranças que recebe na imprensa, mas é obrigado a enfrentar as críticas em seu ambiente favorito de comunicação, as redes sociais. O mandatário jura não acreditar nas pesquisas de opinião que apontam que ele sofre crescente rejeição entre os brasileiros.

Populares, as postagens do presidente da República no Facebook atraem milhares de interações. Ainda que a maioria dos comentários seja em apoio ao titular do Planalto, as demandas e reclamações são numerosas e provocam reações do chefe do Executivo.

O Metrópoles registrou todas as respostas de Bolsonaro na rede entre abril e setembro deste ano, e uma avaliação das publicações mostrou que a grande preocupação do mandatário tem sido tentar se desvencilhar da responsabilidade sobre a inflação em alguns itens, como alimentos e combustível.

A tônica de Bolsonaro nas respostas é tentar culpar os governadores e as medidas de distanciamento social adotadas por eles para reduzir o contágio pelo coronavírus – discurso que o presidente também leva constantemente para as conversas com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Agressividade presidencial

O perfil presidencial preocupa-se em reagir rapidamente às cobranças, mas não faz nenhum esforço para ser simpático com os críticos. O tom das respostas varia entre desdém, ironia e grosseria. A um internauta que questionou, em agosto, o que “caga” quem deixa de comer feijão e passa a comer fuzil Bolsonaro retrucou: “Aquilo que você escreveu”. A outro que o provocou, em junho, sobre provar que é “incomível” o presidente respondeu: “Se você não consegue, eu respeito”.

As respostas do chefe do Executivo federal, que é seguido por 14 milhões de internautas no Facebook, viralizam instantaneamente, e o destinatário da mensagem costuma virar alvo de ataques dos aliados de Bolsonaro. Muitos internautas acabam apagando suas contas para escapar da perseguição, e outros deletam a postagem que haviam feito na tentativa de fazer cessar as investidas dos apoiadores do titular do Planalto. Em ao menos três casos, porém, o perfil do presidente fez um “print” da publicação apagada por um usuário e voltou a postar na rede, expondo mais uma vez a pessoa.

*Com informações do Metrópoles.