Nesta quinta-feira (16) um indígena identificado Lourenço Rosemar Filho de Mello foi morto a tiros durante uma operação da Polícia Civil na aldeia Santa Isabel, na Ilha do Bananal, em Lagoa da Confusão (TO). A polícia informou que o homem era foragido e teria feito a esposa de refém ao ser abordado. O ato gerou revolta na comunidade.

As lideranças indígenas informaram que os policiais estavam acompanhados de servidores da Fundação Nacional do Índio e mataram o homem na frente de crianças e mulheres.

A operação começou no início da manhã quando policiais do Tocantins e de Mato Grosso foram à aldeia para prender o homem. Segundo a polícia, contra ele seriam cumpridos mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio, estupro, roubo e violência doméstica e receptação.

O homem, ao saber da chegada da polícia saiu de casa com uma arma de fogo apontada para a cabeça de própria companheira.

A polícia conta que tentou negociar a soltura da vítima, mas o homem não se rendeu. “Durante a ação o sujeito ficou cada vez mais agressivo e continuou com arma apontada para a cabeça da refém e para resguardar a vida da vítima e diante da não rendição do suspeito foi necessário efetuar disparos”, informou a Secretaria de Segurança Pública.

Indígenas questionam presença de servidores da FUNAI

“Lamentavelmente a FUNAI, pela primeira vez, acompanha a Polícia Federal para matar o indígena no meio da Aldeia, na frente das crianças, da família. Tanta coisa, tanta necessidade que o nosso povo passa na assistência, como tirar documentação, ir no INSS, ir em lugares no nosso município, que é tão distante, e muitos anos a gente vem dependendo da SESAI e a SESAI vem fazendo o papel da FUNAI, porque a FUNAI não faz absolutamente nada nesses últimos anos”, relatou uma liderança indígena.

Afirmaram ainda que os policiais chegaram fortemente armados com metralhadoras, mas ressaltou que ninguém na comunidade tem ou anda armado.

“Os policiais federais todos com metralhadora, aqui ninguém usa arma. Na minha casa não tem arma. Ninguém usa arco e flecha ou arma para atirar no outro. E os policiais chegaram todos com metralhadora. Tinha muita criança aqui. Mataram na frente das crianças e das mulheres, o que nunca tínhamos visto, acabou de acontecer”, declarou.

Porém, de acordo com a liderança, a comunidade também vem enfrentando outros problemas, como ataques vindo de posseiros, o que dificulta até a procura de alimento nos rios e mata.

“O sangue indígena tem sido muito derramado nos últimos anos. E agora começou na Aldeia, isso chegou agora na nossa casa. Então, espero que alguém faça alguma coisa. Agora, me sinto insegura, os posseiros estão entrando, atirando nos pescadores, daqui a pouco a gente vai ficar sem lago para pescar, sem lugares para caçar. Tudo o que a gente fazia era buscar o nosso recurso no meio do mato. Então, vai ficar difícil”, finalizou.