Mulher que pedia justiça pelo assassinato do marido, foi presa após ser apontada como a mandante do crime. Segundo a Polícia Civil, a viúva teria planejado o crime e a motivação seria financeira. O crime teria acontecido há pouco mais de um ano em Cuiabá.

A Polícia Civil deu detalhes da investigação que levou à prisão Ana Cláudia Flor, pelo assassinato do empresário Toni da Silva Flor, de 37 anos. A viúva chegou a liderar uma mobilização na cidade pedindo justiça pelo assassinato do marido.

Toni Flor, de 37 anos, foi assassinado com cinco tiros quando chegava numa academia, no dia 11 de agosto de 2020. A vítima ainda passou por uma cirurgia, mas morreu no dia seguinte. A câmera da academia mostra que o atirador fugiu após os disparos.

Na época do crime Ana Cláudia Flor disse à polícia que o marido tinha sido vítima de um engano, e que o alvo era um agente da Polícia Rodoviária Federal que frequentava a mesma academia. Mas logo nos primeiros dias de investigação, a polícia descartou a versão.

Duas semanas depois, os investigadores receberam um telefonema anônimo e seguiram em sigilo essa nova pista.

“A denúncia informava que um homem chamado Igor Spinoza teria comentado que teria matado um lutador de jiu-jitsu na porta de uma academia, e que esse crime teria sido encomendado pela viúva, pela esposa da vítima”, disse o delegado.

Depois da morte de Toni, Ana Cláudia deu entrevistas repetindo a versão do crime por engano. E começou a frequentar a casa da mãe dele. “No dia do meu aniversário, ela veio de tardezinha e falou: pensou que eu esqueci da senhora? Cantou parabéns pra mim”, relatou Leonice da Silva Flor, mãe da vítima.

Além disso, Ana Cláudia organizou uma carreata em homenagem ao marido. “Vou ficar cobrando uma solução!”, disse a viúva, na ocasião. E mandou fazer mais de 100 camisetas para amigos e familiares – ainda restam algumas delas.

Ana Cláudia e Toni estavam casados fazia 15 anos. Mas segundo parentes dele, a relação sempre foi muito tensa.

No dia 11 de agosto de 2021, exatamente um ano depois do crime, Igor Espinosa foi preso em Cuiabá após morar três meses no Rio de Janeiro gastando o dinheiro que, segundo a polícia, recebeu para matar Toni Flor: R$ 20 mil reais, um terço dos R$ 60 mil que teria acertado com Ana Cláudia.

Espinosa deu detalhes sobre o assassinato. “Durante o seu interrogatório, o Igor confessa na íntegra todos os passos do crime, como praticou o crime, quem foram seus intermediadores, inclusive quem foi a mandante. Então no interrogatório, o Igor afirma que quem teria encomendado a morte do Toni teria sido a própria esposa”, disse o delegado.

Ana Cláudia foi presa no dia 19 de agosto e nega que tenha mandado matar o marido.

Para o Ministério Público, foi na Cláudia quem encomendou a morte do marido. A viúva deve ir a júri popular.

“Não há qualquer dúvida de que ela foi a mandante desse homicídio”, disse o promotor Samuel Frungilo, que afirmou ainda que “ficou claro” que a motivação do crime seria o patrimônio de Toni Flor. “[Ela] Não queria, com a separação, dividir os bens do casal. Esse foi o principal motivo do crime”, disse.