Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, empresa que vende vacinas, revelou nesta terça-feira, dia 29, que recebeu do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina em troca da assinatura de um contrato de compra.

De acordo com a denúncia feita pelo representante da empresa, ele teria procurado o Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses da vacina produzida pelo laboratório AstraZeneca, e em um jantar em Brasília, Roberto Ferreira Dias, acabou cobrando propina. “De maneira descontraída”, ele teria dito para em acrescentar a quantia de 1 dólar por dose no negócio.

“Eu falei que não fazia, que não tinha como, que a vacina teria que ser daquela forma mesmo, pelo preço que estava sendo ofertado, que era aquele e que a gente não fazia, que não tinha como. Aí ele falou que era para pensar direitinho e que ia colocar meu nome na agenda do ministério, que naquela noite que eu pensasse e que no outro dia iria me chamar”, afirmou o representante da empresa.

Dominguetti afirmou ainda que, durante o diálogo com Roberto Dia, negou negociar daquela maneira, porém o diretor de logística insistiu e reforçou que o vendedor só poderia fechar a venda com o pasta dessa maneira, ou a transação não se concretizaria.

“Ele (Roberto Dias) me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não composse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”.

REAÇÃO DE POLÍTICOS

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que apresentará o requerimento de convocação de Pereira, a ser votado pelo plenário da comissão parlamentar de inquérito. Já o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), escreveu: “Denúncia forte. Vamos convocar o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira para depor na #CPIdaPandemia na próxima sexta-feira, dia 02/07”.

Após a denúncia, o Ministério da Saúde informou que Roberto Ferreira Dias será exonerado do cargo de diretor de Logística. Em nota, a assessoria da pasta disse que a exoneração será publicada na edição desta quarta-feira do “Diário Oficial da União”.